Economia

Mais de 400 empregados estão sem pagamento em dois ministérios

postado em 09/02/2011 08:47
A farra das prestadoras de serviço na Esplanada dos Ministérios continua a todo vapor. Desta vez, as vítimas estão nas pastas das Cidades e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Nas duas instituições, ao todo, mais de 400 empregados estão sem o pagamento do mês, que deveria ter sido depositado na sexta-feira. Além disso, amargam a falta de auxílio-alimentação e transporte, além da ausência de depósito das contribuições previdenciárias há pelo menos três meses.

Sem salário, os terceirizados da empresa Orion, principalmente os brigadistas e os da área administrativa, fazem manifestação todos os dias em frente ao Ministério das Cidades desde a semana passada. Outro protesto está marcado para amanhã. ;Mesmo intimidados, estamos dando a cara a tapa. Eu já não tenho mais nada a perder;, reclamou uma das funcionárias. ;Tentamos reunir o máximo possível de pessoas, mas muitas ficam com medo. Mesmo que não seja direta, há uma repressão.;

De empresa em empresa, ela trabalha há seis anos como terceirizada na instituição. ;Esse é um procedimento padrão. Tive problemas em todas as empresas por que passei;, lamentou. Os empregados reclamam, ainda, da falta de comunicação com a companhia. ;Eles não vêm aqui e não nos dão informações. É muito difícil conseguir falar com esse pessoal.;

Em 2009, a empresa Imperial, que prestava serviços ao Ministério das Cidades, deixou um prejuízo de cerca de R$ 20 mil para cada empregado após falir. ;Eu entrei na Justiça e consegui uma pequena parte do valor. Mas muita gente ficou sem o dinheiro;, completou a funcionária.

Segundo ela, as reclamações feitas ao ministério não são atendidas. ;Eles alegam que não têm responsabilidade pelo pagamento, apenas pelo repasse. No fim, as empresas somem e ninguém arca com a responsabilidade.; ;Nós trabalhamos mais que os servidores e não recebemos. É um absurdo. Alguém tem que fazer alguma coisa;, queixou-se outra funcionária, que exerce a função há sete anos.

A resposta do ministério foi favorável aos funcionários. Segundo a assessoria de imprensa, a empresa foi notificada ontem e tem cinco dias para explicar os motivos da falta de pagamento ou o contrato será rescindido, com outra licitação, para a escolha de uma nova prestadora, sendo feita em seguida. O Correio entrou em contato com representantes da Orion, que alegaram não haver irregularidade. A empresa insistiu que o pagamento é feito normalmente.

Recolhimento
No Ministério do Desenvolvimento, os problemas começaram em outubro, quando foram observadas irregularidades quanto ao recolhimento do FGTS e da contribuição previdenciária por parte da empresa Patrimonial. Ainda sem pagamento, o terceirizado da área administrativa Bruno da Silva Malaquias, 22 anos, perdeu o prazo do desconto de 11% oferecido pela faculdade.

;Para pagar o transporte, contei com a ajuda de amigos, pois ainda estamos sem os benefícios;, reclamou. ;Formalizamos denúncias no Ministério Público do Trabalho e no sindicato. Agora, aguardamos um posicionamento.; Procurada, a Patrimonial não deu retorno até o fechamento desta edição. O ministério informou que notificou a empresa e que os salários devem ser depositados hoje.

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