Economia

Corte de cargos comissionados do GDF afeta a concessão de seguro-desemprego

postado em 10/02/2011 08:16
Para conseguir atendimento, os interessados têm que chegar muito cedo às Agências do Trabalhador para pegar senhas cada vez mais escassasO governo do Distrito Federal não conseguiu realizar o corte nos cargos comissionados sem prejudicar a prestação dos serviços públicos. Com a exoneração de 18,5 mil funcionários pelo Executivo local no começo do ano, incluindo 284 das Agências do Trabalhador, a corda arrebentou do lado mais frágil ; o dos cidadãos. Não bastasse a baixa autoestima por terem sido demitidos, os desempregados têm de lidar com filas, falta de informação e desrespeito na hora de entregar a documentação para a retirada do seguro-desemprego.

Na Agência do Trabalhador do Plano Piloto, são entregues somente 50 senhas por dia. Lá, a orientação é para que o cidadão chegue às 5h se quiser obter atendimento. Quem chega perto das 8h dificilmente consegue uma senha. Ontem, no período da manhã, apenas duas pessoas tinham de dar conta da demanda relacionada a esse benefício. Inconformados, 33 desempregados assinaram um abaixo-assinado em protesto. ;O atendimento é muito confuso. Além de chegar cedo, há um longo tempo de espera;, reclamou a pedagoga Ridete Fernandes de Melo, 38 anos.

Foi a segunda tentativa de Ridete. Na quinta-feira passada, ela aguardou uma hora antes de ser recebida na triagem para, só então, saber que faltava um carimbo em um documento. ;Hoje, cheguei às 6h e consegui a senha 37. Sem o seguro, enfrento problemas para pagar as parcelas da pós-graduação;, relatou. O cozinheiro Luiz Antônio Nascimento, 35 anos, chegou às 11h58,
quando não conseguiu mais atendimento. ;Eu não sabia sobre o horário. Faltou informação. Tenho contas para pagar e é importante conseguir o benefício;, disse ele, que mora em Planaltina, a 60 quilômetros da capital.

O secretário do Trabalho do DF, Glauco Rojas, reconhece os problemas. Ele informou que, das 17 agências no DF, nove estão fechadas. ;No GDF inteiro, havia um inchaço da máquina e um conjunto de práticas dissociadas de uma gestão austera. A demissão dos comissionados levou a essa situação, mas as mudanças são para uma melhoria;, assegurou. Com a reabertura de cinco agências ; Santa Maria, Recanto das Emas, Sobradinho, PSul e Samambaia ;, a expectativa de Rojas é normalizar em até 90% o atendimento. As unidades do Plano Piloto, de Taguatinga e de Ceilândia permaneceram em operação.

Transtorno
Até o fim do mês, mais sete unidades serão reabertas, ficando apenas as de São Sebastião e do Guará para depois. ;Vamos transferir as instalações para melhorar a estrutura e atender, por exemplo, portadores de necessidades especiais com mais qualidade;, acrescentou o subsecretário do Trabalho do DF, Rafael Galvão. Mas, até a normalização, paga a conta quem não tem nada a ver com o problema. Valdeci José dos Santos, 47 anos, por exemplo, decidiu recorrer à agência do Plano Piloto depois de três tentativas frustradas na unidade de São Sebastião.

;Essa situação é um transtorno. Quero o benefício para investir em um negócio próprio, na área de informática;, disse Santos, que é casado e pai de três filhos. O vigilante Fernando Santos, 28 anos, também encontrou portas fechadas na agência do Paranoá na sexta-feira passada. Demitido em janeiro, só conseguiu atendimento ontem, em Brasília, depois de enfrentar uma fila desde as 7h30. ;Tem pouca gente trabalhando e não obtive informações, nem mesmo sobre documentos. Vou receber cerca de R$ 560 de seguro para pagar contas como de água e luz.;

Na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do DF, ligada ao Ministério do Trabalho, a situação não é diferente. O superintendente Jackson Luiz Machado disse que, com o fechamento das agências do GDF, o número de pessoas saltou de 100 para 300 pessoas por dia. ;Distribuímos 200 senhas para o seguro-desemprego a fim de dar ordem ao atendimento. Normalmente, três funcionários atendem, mas, nessa situação, deslocamos outros dois para a área;, informou.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação