postado em 10/02/2011 14:24
Brasília ; A atividade industrial recuou em dezembro, mas o setor não perdeu o dinamismo e deve ter crescido em 2010 mais de 10% em relação a 2009, acima do aumento de 7,6% do Produto Interno Bruto, segundo previsão da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A alta expansão contraria tese de alguns economistas e lideranças empresariais que avaliam que o Brasil está se desindustrializando.;Essa é uma questão sensível e polêmica;, analisou Flávio Castelo Branco, gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, ao assinalar que além do crescimento do setor é preciso observar o funcionamento das cadeias produtivas e a composição dos produtos industriais (que podem ter componentes e insumos importados).
Segundo Castelo Branco, os números apresentados pela CNI para dezembro de 2010 são bastantes ;expressivos;, mas pode estar ocorrendo uma ;inflexão; na economia nacional no sentido de continuar crescendo em ritmo menor. A projeção para este ano é que o setor cresça 4,5% (4% se consideradas apenas as atividades de manufatura).
Os dados de dezembro podem apontar uma virada decrescente no faturamento real, no número de horas trabalhadas e na oferta de emprego. Na comparação entre dezembro e novembro do ano passado, o faturamento caiu 0,6%; o número de horas trabalhadas perdeu 2,2% e o número de pessoas empregadas recuou 0,5% - dados dessazonalizados, isto é, descontados os efeitos típicos do mês de dezembro (como o menor número de dias úteis por causa do recesso de fim de ano).
Para Castelo Branco, a diminuição do ritmo tem a ver com o arrefecimento das medidas anticíclicas acionadas pelo governo em 2009 por causa da crise financeira internacional, como a diminuição e até isenção de impostos federais para compra de automóveis e eletrodomésticos.
Passada a crise e a necessidade de medidas fiscais de ;alavancagem; econômica, o país mantém um ;ciclo virtuoso; mais próximo do que se verificava antes. Na comparação de 2010 e 2008, os indicadores são mais equilibrados: o emprego na indústria supera em 1,7% o nível pré-crise; o rendimento médio real teve alta de 2,1%; a massa salarial subiu 4,2% enquanto o faturamento real da indústria teve aumento de 5,1%.
Quanto à utilização da capacidade instalada da indústria em 2010, a média é de 82,8% um patamar 2,5 pontos percentuais a frente de 2009 e ligeiramente inferior (0,2 ponto percentual) face a 2008. Segundo o economista Marcelo de Ávila, também da CNI, o dado mostra a ;normalização; do processo de utilização da capacidade instalada.
A acomodação desse indicador é importante porque revela equilíbrio entre o crescimento da demanda de produtos e os investimentos na capacidade produtiva, o que evita depressão econômica e pressão inflacionária.
Ontem (9), a CNI elogiou o corte de R$ 50 bilhões nas despesas do Orçamento Geral da União anunciado pelo governo. Havia temor entre os empresários de que o aumento de gastos públicos gerasse pressão inflacionária e aumento de juros para contenção, o que onera o setor a fazer empréstimos e pagar dívidas contraídas.