postado em 15/02/2011 08:58
A disparada da inflação que corrói o bolso do consumidor neste início de ano, especialmente os de baixa renda, já arranha a popularidade da presidente Dilma Rousseff. Pesquisas informais encomendadas pelo Palácio do Planalto, referentes às duas últimas semanas, mostram que o aumento do custo de vida, sobretudo entre os mais pobres ; os eleitores de Dilma ;, começaram a subtrair pontos na avaliação do desempenho do governo. A preocupação com os possíveis estragos à imagem presidencial tem levado assessores palacianos a fazerem alertas sobre o risco de carestia se intensificar e comprometer a política governamental. Em janeiro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou em 0,83%, surpreendendo os analistas.A aprovação da presidente pode ser ainda mais alvejada se ela for leniente com os preços dos alimentos, que têm influência pesada no orçamento dos pobres, pessoas com rendimentos mensais de até 2,5 salários mínimos e que foram fundamentais para levá-la ao comando do país. O preço das passagens de ônibus também ajudou a impactar negativamente a inflação. Para analistas, ainda não é o fim da lua de mel entre eleitores e presidente em início de mandato. Eles acreditam que foi apenas um sinal de alerta que se acendeu no Palácio do Planalto. Lembram que Dilma tem buscado apoio para elevar a taxa básica de juros e bancar a tesourada de R$ 50 bilhões no Orçamento.
A definição do novo salário mínimo deve jogar mais combustível na fogueira, já que os ganhos dos trabalhadores estão intimamente relacionados à popularidade presidencial. Fernando Henrique Cardoso, em sete dos seus oito anos de governo, enfrentou queda de popularidade quando não reajustou o mínimo. ;Se o poder de compra da população supera as perdas inflacionarias, a imagem dos dirigentes tende a se manter em alta;, explicou Ricardo Guedes, diretor do instituto de pesquisas Sensus. ;É a estabilidade com ganhos que faz a popularidade.;
Desgaste
No mercado financeiro, depois de pouco mais de um mês de governo, a credibilidade do governo também já foi arranhada em função das estratégias de política monetária. O Boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central, reflete o desgaste. As expectativas dos analistas para a inflação de 2011 pioraram pela 10; vez consecutiva. Nesta semana, a projeção para o IPCA do ano chegou a 5,75% e, agora, até mesmo as estimativas para 2012 mudaram, deixando para trás o centro da meta, de 4,5%, e atingindo 4,7%.
A despeito do novo ciclo de aperto monetário iniciado em janeiro e do corte orçamentário para frear o consumo, o mercado continua cético quanto ao controle da inflação. ;Vamos esperar como será o próximo ajuste na Selic para ver que direção o governo vai tomar;, afirmou Eduardo Oliveira, operador da corretora Um Investimento.
Tarifa Social só para baixa renda
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vota hoje a prorrogação do prazo do recadastramento dos beneficiados da Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE) por mais 60 dias, a partir de 1; de março. A proposta é colocar a data de 1; de junho como limite para que as distribuidoras eliminem de seus cadastros aqueles que conseguiram melhorar de vida. Pela nova lei, aprovada no ano passado, será cancelado o desconto automático aos consumidores que gastam menos de 80 quilowatt/hora (kWh) por mês. As famílias que comprovarem renda per capita de até meio salário mínimo e que estejam incluídas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadUnico) passarão a ter direito ao benefício.
Aviação se populariza
Geórgea Choucair
O mundo vai ganhar mais 800 milhões de passageiros em aviões até 2014. Projeções da Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata), que representa as companhias aéreas de todo o mundo, mostram que só os que voarão pela primeira vez somarão mais de 3,3 bilhões daqui a três anos ; um crescimento de 32% em relação a 2009, quando foram transportados 2,5 bilhões de pessoas pelas companhias aéreas do planeta. Do total de embarcados previstos para 2014, 1,3 bilhão vão fazer viagens internacionais.
A Iata informa ainda que a maior parte dos novos passageiros virão da China. Cerca de 360 milhões de pessoas vão viajar nas rotas da Ásia-Pacífico e, desse contingente, 214 milhões estão associados ao gigante asiático. O número de clientes de voos internos (domésticos) será de
2 bilhões, frente ao 1,5 bilhão de 2009. A previsão é que os Estados Unidos vão se manter em 2014 como o mercado mais importante, com 671 milhões de embarques, seguido de China, Japão, Brasil e Índia.
A expectativa é de que, no Brasil, a entrada das classes C, D e E no mercado, a melhoria de renda e a queda nas taxas de desemprego ajude a alavancar o mercado de aviação. O setor transportou 154,32 milhões de passageiros em 2010 no país, mostram números da Infraero. O crescimento foi de 20,4% em relação a 2009, quando 128,13 milhões de pessoas foram transportadas por aviões. ;A chamada nova classe média vai ter participação importante nesse crescimento;, avaliou Rosângela Ribeiro, analista especializada em aviação da SLW Investimentos.
Crédito aos pequenos
Sílvio Ribas
A nova política industrial do país, elaborada pelo governo Dilma Rousseff, começou a dar seus primeiros passos. A forma escolhida foi a ampliação do crédito para a aquisição de bens de capital por pequenas e médias empresas. Ontem, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Fernando Pimentel, informou, em São Paulo, que o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) será prorrogado pela segunda vez e com condições ;muito favoráveis; às companhias. O PSI foi criado em 2009 para financiar a compra de máquinas, equipamentos e caminhões e projetos de inovação com taxas de juros subsidiadas.
Durante reunião promovida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Pimentel adiantou que os juros desse PSI-3 serão ;equalizados;. Mas os detalhes só serão dados com a publicação, até amanhã, de uma Medida Provisória (MP) editada pela presidente. O PSI original fez parte do pacote de medidas criado para combater efeitos da crise mundial e deveria ser extinto em 31 de março próximo. O programa em vigor permite financiamentos a juros fixos de 5,5% a 9% ao ano, com prazo de 10 anos e carência de dois para o início do pagamento.
Taxas
As novas linhas de financiamento do PSI geraram também expectativa de aportes extras do Tesouro no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os valores estariam entre R$ 45 bilhões e R$ 55 bilhões. O programa é bancado pelo Tesouro via repasse dos recursos para o banco de fomento. Robson Andrade, presidente da CNI, afirmou que espera uma taxa do PSI compatível com as necessidades das empresas. Sua aposta é de que os juros anuais mínimos sejam de até 6,5%, para cobrir a diferença da inflação.
Em 2009 e 2010, o programa recebeu R$ 134 bilhões, sendo que R$ 124 bilhões já estão contratados ou sob análise do banco. Para fazer transferências de recursos para o BNDES, o Tesouro precisou vender títulos públicos, elevando a dívida em papéis. No lançamento do programa, as taxas cobradas dos empresários eram, respectivamente, de 4,5% a 7%, mas foram elevadas em um ponto percentual em julho de 2010, após a economia brasileira dar sinais de recuperação.
Nomeação na Apex
O Diário Oficial da União publicou ontem indicação do especialista em direito comercial e internacional Mauricio Borges para presidir a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) por quatro anos. Borges pertence ao quadro técnico da agência e é o seu atual diretor de Negócios. Ele ocupará a vaga deixada por Alessandro Teixeira, atual secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic).