postado em 18/02/2011 08:05
O Banco Central deu mais um tranco nas instituições financeiras e colocou um calendário para que elas se adaptem a normas que diminuem a exposição ao risco e exigem mais dinheiro em caixa para fazer frente a cada uma de suas operações. A nova cartilha do sistema bancário, chamada de Basiléia III, ainda não tem força de regra, mas passará a ter em breve. Os bancos, assim que receberem o comunicado da autoridade monetária, iniciarão estudos para viabilizar a adaptação às exigências. Para o consumidor, na prática, as medidas significam mais proteção aos recursos aplicados, pois, mesmo que uma instituição quebre, será mais fácil reaver parte ou a totalidade dos depósitos e investimentos.
Atualmente, para cada R$ 100 que o banco empresta ou tem de patrimônio, ele necessita ter R$ 11 em caixa como um escudo contra possíveis crises e problemas econômicos. Com as novas regras, as garantias serão de, no mínimo, R$ 13 para cada R$ 100 do que o mercado chama de patrimônio de referência. Mas não é só: a qualidade da poupança anticrise terá de ser bem melhor do que a feita hoje. %u201CQueremos ativos com maior capacidade de absorver choques%u201D, disse Sérgio Odilon dos Anjos, chefe do Departamento de Normas do BC. A ordem é garantir ao máximo a segurança do sistema financeiro.
A exigência de mais dinheiro em caixa será seguida de forma gradual pelos bancos até 1° de janeiro de 2019. %u201CTudo foi criado no âmbito do esforço internacional pós-crise de 2008, com o objetivo de aperfeiçoar a capacidade de absorver choques provenientes de estresse no sistema financeiro%u201D, afirmou Odilon. %u201CEstamos comunicando com antecedência para que a transição ocorra sem traumas%u201D, acrescentou.
Apesar do prazo, o objetivo do BC é de que, até o fim deste ano, a forma como é calculado o patrimônio de referência mude. Além da exigência de mais capital, a autoridade monetária determinará que os bancos criem colchões anticrise. O primeiro, chamado de capital de conservação, será formado durante o período de bonança das instituições, que, quando estiver totalmente implantado, representará 2,5% do patrimônio da instituição. No caso de um prejuízo, esse montante amenizará as perdas apenas para que a instituição não fique desenquadrada das normas de Basiléia. O outro colchão será o capital contracíclico, a ser formado quando o BC determinar e também representará 2,5% do patrimônio. Para o BC, é melhor prevenir agora, do que arcar com custos enormes em caso de quebra de bancos, sempre traumáticos para a economia.