Paris - O presidente do Banco Mundial (Bird), Robert Zoellick, lançou um alerta neste sábado ao discursar para os ministros das Finanças do G20 reunidos em Paris, afirmando que o mundo se aproxima de um "ponto perigoso" devido à alta dos preços dos alimentos, que pode acentuar ainda mais a instabilidade política. "Estamos alcançando um ponto perigoso", advertiu Zoellick, pedindo aos ministros das Finanças e aos diretores de bancos centrais do G20 - que reúne as principais economias desenvolvidas e emergentes do mundo, responsáveis por 85% da riqueza - que "priorizem os alimentos em 2011".
A alta dos preços dos alimentos estimulará uma alta da oferta agrícola, mas nos próximos anos "podem acontecer distúrbios, governos podem cair e sociedades podem ser lançadas na desordem", afirmou Zoellick.Os preços altos são um dos fatores que alimentaram as recentes revoltas populares e a instabilidade política que se espalha por países do Oriente Médio e do norte da África.
"Precisamos ser sensíveis e permanecer alertas sobre o que está acontecendo com os preços dos alimentos e seu efeito potencial sobre a estabilidade social", destacou o presidente do Bird. Zoellick considerou que a comunidade internacional precisa estar preparada para ajudar rapidamente a países como a Tunísia, onde uma rebelião popular derrubou o regime do presidente Zine el Abidine Ben Ali, que passou 23 anos no poder. O Banco Mundial divulgou que, entre outubro de 2010 e janeiro de 2011, os preços dos alimentos cresceram 15%, levando outras 44 milhões de pessoas para a pobreza.
Reduzir a volatidade dos preços das matérias-primas, incluindo os alimentos, é uma das prioridades da presidência francesa do G20. Brasil e Argentina, grandes exportadores de matérias-primas, estariam dispostos a discutir uma melhor regulação dos mercados de commodities para acabar com a especulação, mas rejeitam o estabelecimento de um controle de preços.
Zoellick disse ainda que os ministros do G20 haviam sido receptivos a uma série de ideias do Bird, e insistiu que "o melhor antídoto contra aqueles que se queixam que o G20 é um lugar onde se fala é adotar uma ação real. E uma ação destinada aos mais vulneráveis, é a melhor forma", concluiu.