postado em 20/02/2011 09:31
O pequeno João Víctor Seabra Amador, de sete meses, nasceu em meio a incertezas que pairam sobre a previdência pública brasileira, mas já tem o futuro garantido. No que depender dos pais, o empresário Rogério Amador, 36 anos, e a publicitária Janai Seabra, 31, ele frequentará as melhores faculdades e terá algum dinheiro para viver bem. Ao nascer, o menino ganhou um plano de previdência privado ; que tem aportes mensais de R$ 200 ; e a previsão é de que aos 18 anos acumule reservas de pelo menos R$ 100 mil. O cuidado da família de João Víctor reflete o comportamento de uma nova geração de investidores que deixará para os filhos recursos que poderão servir para incrementar a aposentadoria, viajar ou encurtar o longo caminho até a realização de sonhos como a compra da casa própria.
As preocupações dos pais são ainda mais presentes quando se trata do primeiro filho. O casal tem de se preparar para a compra do enxoval e os gastos que farão parte do orçamento com a chegada do bebê. A cada criança é necessário um novo planejamento. ;É o meu primeiro filho e, desde o nascimento, pensamos em toda a vida dele;, diz Janai. ;Também colocamos um apartamento no nome do João. Nosso principal interesse é cuidar dos estudos dele;, completa Rogério Amador, pai pela segunda vez.A servidora pública Mariana Oliveira, 33 anos, está pesquisando os melhores planos de previdência e, dentro de dois meses, vai começar a investir ao menos R$ 50 por mês para rechear a conta de seu primeiro filho, Pedro Nilo, de apenas três meses. ;Vou fazer até os 18 anos para que ele tenha uma boa educação. Eu possuo um desde os 18 anos. Minha mãe era bancária e eu sempre tive orientação financeira;, justifica Mariana.
Variedade
O mercado oferece planos de previdência com mensalidades mínimas de R$ 25. No Brasilprev Júnior, do Banco do Brasil, por exemplo, o beneficiado só pode sacar o dinheiro a partir dos 21 anos de idade ; o responsável, porém, pode utilizar o valor após 90 dias do primeiro aporte. Em um ano, a base de clientes desse produto do BB cresceu 10%. Atualmente, os planos são contratados, em 89% dos casos, por pais, seguidos pelos avós, com 7%. O Bradesco, outro gigante nesse setor, possui o plano de previdência Prev Jovem Bradesco que permite contribuições mensais a partir de R$ 30.
O gerente executivo da Diretoria de Varejo do Banco do Brasil, Antônio Cássio Segura, explica que, para quem quer pensar no curto prazo, as melhores opções são investimentos conservadores como a tradicional poupança ou um fundo de renda fixa. Depois do nascimento, porém, os investimentos devem ser mais elaborados. ;Planos de previdência para prazos superiores a oito anos são excelentes. Também é importante que os pais tenham um seguro de vida, para deixar mais garantias para os pequenos;, aconselha.
Imposto de Renda
Na hora de fazer o investimento, os pais devem estar atentos a detalhes como o tipo de declaração de Imposto de Renda (IR). Para quem a faz no modelo completo, é possível deduzir as contribuições na base de cálculo até o limite de 12% da renda bruta anual tributável. Nesse caso, o imposto incidirá sobre o valor total resgatado ou de renda. A dedução só não é válida para quem tem o plano Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), indicado para quem é isento de IR, não está inserido na previdência oficial ou faz a declaração no modelo simplificado. A incidência do Imposto de Renda sobre s aplicações ocorrerá somente sobre os rendimentos, também no momento do resgate. ;Em outras palavras, o governo está abrindo mão de uma parte importante de receita, com o objetivo de incentivar a previdência privada, pois sabe que a social não acompanha a necessidade da população;, diz o diretor regional em Brasília da seguradora Mongeral Aegon, Lauro Rocha.
Antônio Montiel, responsável pela área educacional da Um Investimentos, sugere ainda o investimento no Tesouro Direto, criado em 2002 para permitir que pessoas físicas adquiram títulos públicos diretamente pela internet. ;Hoje, um dos investimentos mais rentáveis fica por conta dos bônus do governo, atrelados à taxa básica de juros, a Selic, hoje em 11,25% ao ano;, ressalta. Já o superintendente executivo de investimentos e consórcio do Santander, Edson Franco, observa que o fundamental é o compromisso com aplicações frequentes.
Buraco
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) amargou no ano passado deficit de R$ 44,3 bilhões, queda de 4,5% em relação ao rombo de R$ 46,4 bilhões registrado em 2009. Os aumentos do emprego formal e da massa salarial dos trabalhadores, conforme o governo, impulsionaram o sistema público de previdência, ampliando o ritmo das receitas. No país, cerca de 28 milhões de pessoas recebem benefícios pagos pelo INSS.