postado em 24/02/2011 07:00
Os funcionários da Gol que foram demitidos após a ameaça de greve em dezembro do ano passado deram mais um passo na batalha travada com a empresa. Em audiência no Ministério Público do Trabalho, no fim da tarde de ontem, os representantes da companhia aérea receberam o prazo de 10 dias para readmitir trabalhadores e garantir que os outros funcionários não sejam intimidados ; três pessoas ficaram sem emprego e pelo menos 18 foram ameaçadas. Agora, o caso está nas mãos da Justiça. De acordo com o diretor regional do sindicato em Brasília, Luciano de Oliveira, na sessão, a companhia insistiu que as demissões são parte do remanejamento do quadro de funcionários. ;Esperamos que antes do carnaval haja uma solução. Caso não se manifestem, tudo será apurado. Eles não têm como negar a pressão que fizeram;, disse.
Assédios
Oliveira explicou que o objetivo da denúncia, protocolada em janeiro deste ano, é fazer com que os funcionários não sofram mais assédios por parte da Gol. ;As pessoas estão trabalhando sem garantia alguma. Elas temem que a demissão venha no dia seguinte;, lamentou.
Nas semanas seguintes à paralisação, os coordenadores da área de despacho técnico convocaram funcionários e disseram que eles seriam demitidos por terem ameaçado cruzar os braços. ;O desligamento é feito aos poucos, para disfarçar. Cada mês um vai embora;, relatou.
Para o diretor, a pressão psicológica pode afetar a qualidade do serviço prestado pelos trabalhadores e, ainda, provocar acidentes operacionais. ;Esse terror influencia na segurança dos voos. São pessoas que lidam diretamente com a manutenção dos aviões. E também é um absurdo;, completou.
No início deste mês, a empresa limitou-se a informar, por e-mail, que ;as demissões em questão são parte de um processo natural de substituição de colaboradores; e visam garantir o pleno funcionamento das operações da companhia. ;Esse remanejamento existe em qualquer empresa, mas não desta maneira;, protestou o diretor do sindicato.
Procurada pelo Correio ontem, a assessoria de imprensa da Gol confirmou apenas que compareceu à audiência para entrega de documentos. Segundo a companhia, outra reunião com o sindicato e a procuradoria está marcada para o dia 4 de março.
Lucro de R$ 132,2 milhões
A Gol anunciou ontem que encerrou o quarto trimestre de 2010 com lucro líquido de R$ 132,2 milhões, queda de 66,8% sobre igual período de 2009. O lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e leasing de aeronaves (Ebitda) da segunda maior empresa aérea do país nos três últimos meses de 2010 somou R$ 475 milhões, avanço anual de 63,8%. A margem no período passou de 17,9% para 25,4%.