Como o apagão de mão de obra já é sentido por diversos setores da economia brasileira e encontrar profissionais qualificados tornou-se tarefa das mais difíceis no país, quem tem boa formação e experiência está sendo alvo de disputa ; e recebendo um salário melhor. Em 2010, o ganho mensal médio na hora da admissão teve um crescimento de 4,78%, comparado ao ano anterior ; foi de R$ 795,81 para R$ 833,86 ;, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, atribuiu o aumento da renda ao maior nível de escolaridade. ;O mercado necessita de profissionais capacitados e o empregado já tem condições de negociar o salário;, comentou. Com isso, os setores médico e odontológico cresceram. ;O brasileiro tem mais dinheiro para cuidar da saúde;, completou. Entre 2003 e 2010, a variação chegou a 29,03%.
No entanto, a diferença entre os salários de homens e mulheres aumentou de R$ 70,10, em 2009, para R$ 113,30, no ano passado. ;Ainda há essa distinção. Algumas empresas contratam mais mulheres, já que o salário de um homem equivale, em alguns casos, a dois postos femininos;, alertou Lupi.
O resultado foi uma elevação generalizada em todas os estados brasileiros. O Norte e o Nordeste estão no topo do crescimento, com destaque para Rondônia, onde, entre 2003 e 2010, os rendimentos mensais cresceram 62,19%; Piauí (46,60%) e Alagoas (45%). Por outro lado, o Distrito Federal teve o menor ganho real, contabilizado em 13,64%.
Postos formais
Em janeiro deste ano, o Brasil gerou 152.091 empregos formais. Foi o segundo melhor saldo para o mês desde 1993, perdendo apenas para 2010, quando 181.419 postos de trabalho foram criados, aponta o Caged. No período, foi admitido 1,65 milhão e demitido 1,49 milhão de trabalhadores.
A construção civil elevou suas oportunidades de emprego em 1,31% com a criação de 33.358 postos de trabalho e continua sendo a aposta de 2011. ;A partir de março, isso vai aumentar, já que as obras do governo, por exemplo, só são iniciadas depois disso, por conta de licitações;, explicou o ministro. A indústria da transformação ficou com o segundo maior crescimento, com 0,67% ou 53.207 vagas formais criadas.
O setor de serviços cresceu 0,51% no período ; correspondentes a 73.231 vagas ; e ficou em terceiro lugar no ranking de segmentos que impulsionaram a economia. Geraldo Palmeira, 25 anos, é analista de tecnologia da informação (TI) e confirma a boa fase do setor. ;Eu já recebi três propostas de emprego e uma promoção. Nunca tive dificuldades em me inserir nesta área;, comemorou.
Geraldo observou, ainda, que, com o mercado aquecido, faltam profissionais. ;Eu sou engenheiro mecatrônico, mas vi uma ótima oportunidade em TI. As empresas estão pegando pessoas ainda na faculdade para treinamento.; Seu colega de profissão Luiz Felipe Micceli, 26 anos, é um exemplo disso. Ele foi empregado no segmento antes de concluir o curso superior, em 2009. ;Eu estava no 4; semestre e consegui a vaga. É um mercado promissor;, revelou.
Em contrapartida, o comércio teve 0,23% de retração, com 18.130 demissões, e a administração pública encolheu 0,12%, cortando 1,042 postos de trabalho. ;O comércio caiu porque no fim do ano há contratos temporários, que são desfeitos quando passadas as festas. Já a administração pública por conta de aposentadorias e (redução nos) concursos públicos;, destacou Lupi.
Pesquisa mensal
A taxa de desemprego em janeiro deste ano ficou em 6,1%, superando a de dezembro de 2010, que atingiu 5,3%. Embora tenha sido registrada diferença de 0,8 ponto percentual, essa foi a menor taxa para um mês de janeiro desde 2003 ; na comparação com o mesmo período de 2010 houve queda de 1,1%. Em janeiro do ano passado, a taxa de desocupação foi de 7,2%. Os dados são da Pesquisa Mensal do Emprego (PME), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).