Economia

Tesouro direto rende o triplo da Poupança

Investir em títulos públicos é uma maneira segura de multiplicar o dinheiro

postado em 27/02/2011 09:05
Garantir uma boa renda no futuro não depende mais apenas de uma gorda aposentadoria ou da sorte em aplicações de risco %u2014 como a compra de ações de empresas privadas no mercado de capitais. Uma nova maneira de investimento, segura e rentável, vem ganhando adeptos dia a dia. É o Tesouro Direto, modalidade que já atraiu quase 220 mil brasileiros desde 2002. A aplicação permite a qualquer pessoa, por meio da compra de títulos do governo pela internet, tornar-se credora do Tesouro Nacional sem intermediários. Especialistas garantem que a rentabilidade e a segurança dos ativos públicos ainda são imbatíveis, quando comparados às opções mais tradicionais do mercado. Alguns papéis com prazo de vencimento mais longo, nos últimos 12 meses, chegaram a render mais de 19% aos compradores %u2014 uma fábula, quando comparada aos 6,5% da poupança. E passar a ser dono de parte da dívida pública do país é mais fácil do que parece (veja passo a passo abaixo). Com valores a partir de R$ 100 na conta bancária e o número do CPF, é possível ingressar no programa pelo endereço eletrônico www.tesourodireto.gov.br. O site oferece uma série de ferramentas para esclarecer até mesmo os menos familiarizados com a dinâmica dos títulos públicos, como um curso virtual desenvolvido em parceria com a Bolsa de Valores de São Paulo (BM) %u2014 o mecanismo traz um simulador de compra e uma calculadora de rendimentos. %u201CQuando lançamos o Tesouro Direto, recebemos várias sugestões que deixavam clara a necessidade de trabalhar essa questão da educação financeira. Então desenvolvemos esses instrumentos%u201D, explica André Proite, gerente de relacionamento com os investidores do Tesouro. Custo baixo Há nove anos, quando o programa foi criado, a única forma de as pessoas físicas adquirirem títulos públicos era via fundos de investimentos, carteiras que normalmente detêm esse tipo de papel. %u201CA diferença principal em optar pelo Tesouro Direto é que você não precisa pagar uma taxa de administração para o fundo e, apesar de ter que arcar com alguns custos, eles são muito mais baixos%u201D, afirmou Armando Castelar, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV). A única taxa cobrada pela aplicação é a de 0,1% sobre o valor da compra (em uma única vez) e 0,3% (ao ano) para a custódia dos títulos, que ficam sob a guarda da Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC). Os 87 bancos e instituições que operam o sistema podem cobrar uma taxa fixada entre zero e 4%. No site do Tesouro, há um ranking de operadores e tarifas. Proteção O programa oferece uma série de papéis com características diferentes que podem ser adequados aos planos dos investidores. %u201CO primeiro passo a ser feito é definir qual tipo de poupança se quer. Se é para comprar um carro daqui a dois anos, incrementar a aposentadoria ou ter um rendimento contínuo. Para cada opção, há um papel diferente%u201D, diz o gerente de renda variável da corretora TOV, Pedro Alceu. Na avaliação de Castelar, os títulos mais indicados para quem não acompanha de perto o vaivém da economia são os atrelados a índices de preço (NTN-B e NTN-B principal). Dessa forma, os investidores ficam protegidos contra a perda de valor da moeda e ainda ganham algo acima da inflação. %u201CPara sair disso e escolher, por exemplo, um papel ligado à Selic (taxa básica de juros), é preciso fazer uma espécie de aposta em variações macroeconômicas %u2014 no caso, na alta dos juros%u201D, pondera. Atualmente, R$ 4,7 bilhões em dívidas da União estão em poder de pequenos investidores particulares graças ao Tesouro Direto. A maior parte (51,3%) está em aplicações menores do que R$ 5 mil. Somente em janeiro, foram emitidos R$ 360,26 milhões, sendo a maior procura por papéis prefixados (54,81%), seguida pelos indexados à inflação (35,16%) e pelos atrelados à Selic (10,04%). O estoque do programa ainda representa muito pouco, apenas 0,1%, de toda a dívida pública federal (atualmente, de R$ 1,6 trilhão). Mas, para Proite, a parcela diminuta em relação ao total negociado não diminui a importância do programa. %u201CCriamos o Tesouro Direto para aumentar a participação do investidor pessoa física como credor do governo. A intenção é democratizar o acesso.%u201D O Tesouro trabalha com uma meta, guardada sob segredo, de ampliação da participação dos investidores pessoas físicas no total da dívida pública. %u201CQueremos elevar essa fatia expressivamente em dois anos%u201D, diz Proite. Papéis confiáveis Forma eficaz de financiamento dos gastos da máquina federal, os títulos públicos são emitidos pelo governo e comercializados no mercado financeiro. A administração da dívida da União tem por objetivo rolar esses compromissos, substituindo os que vencem por outros novos. Quanto mais confiável é a economia de um país, mais seguros são os papéis que compõem sua dívida.

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