Economia

Comida tem maior preço no mundo desde 1990

postado em 04/03/2011 07:00
Os preços de alimentos no mundo atingiram seu maior nível desde 1990, informou ontem a Agência das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). O Índice da FAO que mede cotações globais de alimentos básicos alcançou média de 236 pontos em fevereiro, 2,2% acima de janeiro. Trata-se do oitavo aumento mensal seguido e o maior patamar do indicador em termos reais e nominais desde que a agência começou a calculá-lo.

A FAO destaca que os preços de cereais exportados dispararam 70% no mês passado em relação a fevereiro de 2010. O indicador do grupo que reúne trigo, arroz e milho subiu 3,7%, fechando a 254 pontos, mais alto nível desde julho de 2008. A razão do aumento é a combinação de queda na produção e a crescente demanda. Só as cotações de açúcar recuaram em fevereiro em relação ao mês anterior, mas ainda estão 16% mais altas do que em fevereiro de 2010.

O organismo alerta ainda para o risco de a escalada nos preços do petróleo pressionar ainda mais as commodities agrícolas. ;Altas inesperadas da cotação do barril podem piorar uma situação já precária nos mercados de alimentos;, comenta David Hallam, diretor da Divisão de Comércio e Mercado da FAO.

América Latina
Na quarta-feira, documento conjunto da FAO, da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal) e do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) cobrou estratégias dos governos latino-americanos de combate à forte volatilidade dos preços dos alimentos.

Para o relatório, os países da América Latina acabaram dando mais importância à inflação e ao consumidor do que ao produtor e à estrutura produtiva agrícola. Além disso, medidas adotadas até agora seriam, em termos gerais, focadas no curto prazo. ;A busca de soluções para problemas estruturais poderia reduzir significativamente a vulnerabilidade dos países;, diz o boletim.

Os organismos afirmam que cotações continuarão a alta dos últimos meses e prevê impactos variados. Segundo o texto, para os mercados exportadores de alimentos, a elevação nos preços representa oportunidades demelhorar a balança comercial. Mas o cenário para grandes importadores eleva riscos à segurança alimentar.

Desde o segundo semestre de 2010, os preços internacionais dos alimentos voltaram a apresentar crescimento, superando até níveis alcançados na crise de 2008. ;A grande flutuação de preços chegou para ficar;, observa Alicia Bárcena, secretária executiva da Cepal.

Força dos pequenos
A Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) aposta no potencial de aumento da produção de pequenos agricultores para reduzir a insegurança alimentar em âmbitos locais e nacionais. Outra sugestão é apoiar programas de transferência de renda voltados ao meio rural, com foco na produção agrícola. O organismo teme que as fortes oscilações de preços nos mercados globais de commodities agrícolas acabem provocando mobilizações sociais de descontentamento, a exemplo das ocorridas durante a crise alimentar no período de 2007 a 2008.

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