Agência France-Presse
postado em 04/03/2011 11:25
PEQUIM - O orçamento de defesa da China terá alta de 12,7% em 2011, a 601,1 bilhões de iuanes (91,564 bilhões de dólares), segundo anunciou o governo chinês.Esta rápida modernização do Exército Popular de Libertação, entretanto, ameaça provocar uma retomada da corrida armamentista na Ásia, segundo analistas.
O valor foi anunciado pelo porta-voz do Parlamento, Li Zhaoxing, na véspera da abertura da sessão plenária da Assembleia Nacional Popular (ANP, Parlamento).
Considerando que, no ano passado, o aumento do orçamento chinês para a Defesa foi de apenas 7,5%, o salto anunciado para 2011 mostra um retorno à forte tendência de desenvolvimento do setor militar que marcou os últimos anos.
A volta de um aumento "de dois dígitos do orçamento chinês de defesa demonstra a potência crescente do Exército Popular de Libertação", indicou Willy Lam, da Universidade Chinesa de Hong Kong.
"Isto quer dizer que (os chineses) vão redefinir sua posição em matéria de política externa e de segurança, principalmente em relação a países como os Estados Unidos, o Japão e Taiwan", estimou.
"Eles estão tentando recuperar seu atraso em relação à Rússia e aos Estados Unidos".
Pequim, por sua vez, rejeitou qualquer ideia de ameaça "crescente".
"A China sempre quis manter sob controle o montante de seus gastos com defesa", disse Li Zhaoxing, classificando os números divulgados nesta sexta-feira como "relativamente modestos" se comparados ao resto do mundo.
Li, ex-ministro das Relações Exteriores, disse que o aumento corresponde a 6% do orçamento nacional da China.
"Isso não representa ameaça alguma para país algum", destacou.
O Japão, por sua vez, expressou preocupação com o rápido desenvolvimento militar da China.
A China está modernizando suas forças armadas terrestres, aéreas e marítimas com vários programas emblemáticos, com destaque para seu projeto de caça J-20, considerado a resposta chinesa ao bombardeio americano Raptor F-22A.
O exército chinês desenvolve ainda um míssil balístico que pode ser disparado a milhares de quilômetros dos barcos de guerra, assim com um ou vários porta-aviões que, em longo prazo, pode transformar as relações de força no Oceano Pacífico.
O regime chinês, que enfrenta a inflação que ameaça sua economia e tem perdido algumas noites de sono com as recentes revoltas do mundo árabe, viu-se obrigado a aumentar o soldo dos militares, segundo Rick Fisher, membro do centro americano de especialistas International Assessment and Strategy Center.
O aumento do orçamento militar chinês são necessários para a "sobrevivência" do regime, explicou Fisher à AFP.
"Os dirigentes comunistas chineses também precisam aumentar o nível de intimidação militar diante dos Estados Unidos, de Taiwan e de seus vizinhos Japão e Índia", completou.
"Com este objetivo em mente, o aumento do orçamento de defesa permitirá avançar rapidamente, com aquisições caras como os porta-aviões e os submarinos nucleares".
O Exército Popular de Libertação, o maior do mundo, guarda o mais rigoroso segredo sobre seus programas militares, impulsionados por um crescimento econômico de 10%.
Oficialmente, a China afirma que sua tecnologia está entre 20 e 30 anos atrasada em relação à dos Estados Unidos. De acordo com a potência asiática, a modernização de suas forças armadas não tem outro propósito que não a "defesa" do país.
Esta argumentação, porém, se contradiz cada vez mais em relação aos fatos, uma vez que Pequim está comprando armamento de longo alcance.