Economia

Preço do petróleo e tragédia no Japão criam incertezas na política de juros

postado em 18/03/2011 08:45
A recente disparado dos preços do petróleo e a tragédia no Japão são elementos novos que aumentaram o grau de complexidade na definição da política de juros do país, segundo alerta foi feito ontem pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. No seu entender, a valorização de até 24% nas cotações do óleo desde o início de manifestações em países árabes ; alta que pode ser maior caso o Japão substitua a sua matriz energética, de nuclear, por gás e petróleo ; criou um fator de incerteza sobre as expectativas de inflação e o crescimento global.

;Esses movimentos ainda estão sujeitos a mais surpresas, caso os grandes produtores não consigam nivelar a oferta global de petróleo;, afirmou Tombini em discurso na cerimônia de posse de Murilo Portugal na presidência da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Ele ressaltou ainda que as consequências do terremoto e do tsunami no Japão poderão levar à transferência de dinheiro de japoneses aplicado no Brasil, empurrando os preços do dólar para cima, o que adicionará mais pressão à inflação.

Portanto, destacou o presidente do BC, a instituição deve observar atentamente o quadro internacional e seu efeito sobre o ciclo global de crescimento e a inflação. Para Tombini, o quadro atual da economia exige ;um esforço analítico mais sofisticado do que o usual;, pois há pressões correndo simultaneamente em direções opostas. No caso da inflação doméstica, além da alta das commodities (mercadorias com cotação internacional) desde a segunda metade de 2010, há uma pressão persistente no setor de serviços, devido ao fortalecimento do emprego e da renda. A junção desses fatores cria um descompasso entre a oferta e a demanda. Ele admitiu que a inflação acumulada em 12 meses deve seguir elevada nos próximos meses, caindo somente no fim do ano.


Cobrança da Febraban
O novo presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, elogiou a decisão do Banco Central de conjugar medidas macroprudenciais e alta dos juros para conter o consumo e reduzir as pressões inflacionárias que atormentam o país. ;As medidas são bem-vindas e devem aumentar ainda mais a robustez do sistema financeiro nacional;, disse. Ele cobrou, no entanto, tratamento igualitário por parte do governo para os bancos públicos e os privados.

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