Economia

Para Bird, América Latina pode ser solução contra alta dos alimetos

Agência France-Presse
postado em 26/03/2011 18:43
Calgary (Canadá) - A América Latina, com 28% da superfície potencialmente cultivável do planeta, pode ser parte da solução para o problema da alta de preços dos alimentos, segundo um relatório do Banco Mundial ao qual teve acesso a AFP neste sábado.

"Dos 445,6 milhões de hectares de terra no mundo que poderão ser utilizados para uma expansão sustentável de áreas de cultivo, 123,3 milhões (28%) se encontram na América Latina", explica o informe.

Intitulado "Alta de preços dos alimentos: Respostas da América Latina e do Caribe a uma nova normalidade", o texto foi apresentado aos 30 ministros das Finanças da região reunidos em Calgary por ocasião da Assembleia Anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Apenas a África tem mais terra cultivável, 45% do total mundial, acrescenta o texto.

Os preços mundiais dos alimentos alcançaram um novo recorde em fevereiro pelo oitavo mês consecutivo, segundo cálculos da Organização de Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

A América Latina, em especial no istmo central, cujos países importam boa parte de seu consumo alimentício, também se vê afetada, advertiu o texto do Bird.

Mas, ao mesmo tempo, a região pode ser parte da solução, explicou em entrevista aos jornalistas a chefe do Banco Mundial para a América Latina, Pamela Cox.

"A América Latina não alcançou seus limites (de produção), pode fazer ainda muito para aumentar sua produção, têm muita água. Há um grande potencial para continuar alimentando o mundo", explicou.

Somente a Austrália e a Nova Zelândia superam a América Latina em recursos hidráulicos renováveis per capita, recorda o informe.

As principais potências exportadoras da região, Brasil, Argentina, Uruguai e México, têm um bom nível de desenvolvimento tecnológico, suficiente para dar um novo salto produtivo.

A América Latina representava em 2009 14% do total de exportações agrícolas do mundo, segundo cálculos do Bird.

O texto fala que 52% da soja que se vende no mundo é produzida na região, 44% da carne, 70% de batatas, 45% de café e 45% de açúcar.

Mas o setor também sofre com obstáculos para seu desenvolvimento, como sua falta de infraestrutura, a mediocridade de seus transportes e a baixa produtividade.

Isso também tem um impacto na hora de importar comida, como acontece na América Central.

Noventa e três por cento da população latino-americana vivem em países exportadores de alimentos, por isso podem se beneficiar do aumento dos preços.

"Mas a América Latina também é uma região muito urbana. 70% (da população) vive nas cidades, e essa gente também sofrerá o impacto do aumento de preços", explicou Cox.

Justo antes da crise financeira de 2008, um país como o Brasil aumentou em 8% o total das transferências de dinheiro aos mais pobres, um programa de luta contra a pobreza muito elogiado por instituições multilaterais.

Outra medida para paliar uma possível crise social seria eliminar tarifas à importação de alimentos.

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