Agência France-Presse
postado em 06/04/2011 16:22
Washington - O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva ironizou nesta quarta-feira (6/4) a demora na ajuda, concedida pelas principais economias mundiais e entidades multilaterais, a países europeus em dificuldades, como Grécia e Portugal.Num evento, em Washington, afirmou que a "Europa sabia resolver todos os problemas quando eles eram na América Latina. O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional tinham todas as soluções para a América Latina", disse Lula, durante um fórum de líderes latino-americanos do setor público.
"Mas, quando as crises acontecem na Europa, não sabem, não têm explicação", disse Lula.
"Demoraram três meses em correr para atender o problema da Grécia", afirmou Lula.
"Estamos vivendo um tempo excepcional", no qual "o Deus mercado se escondeu" e os Estados tornaram-se o principal suporte das economias para superar a crise mundial, afirmou.
O Brasil "não pode ser grande" se os outros países da região não o acompanharem no crescimento, disse também o ex-presidente.
Lula mostrou confiança no fato de que a região possa continuar crescendo a um ritmo estável durante a próxima década.
Referiu-se especificamente ao caso venezuelano: "A Venezuela tem tudo para se um país extraordinário" mas o problema é que não deveria "ter uma economia subordinada ao petróleo".
"Interessa à América do Sul que a Venezuela esteja integrada, que tenha uma economia estável", disse Lula, que durante o mandato esteve próximo do presidente Hugo Chávez.
No entanto, defendeu o estado da democracia na América Latina.
"A Bolívia não teria um Evo Morales se não tivesse democracia, e Fernando Lugo não seria presidente do Paraguai", afirmou.
Advertiu contra os que se julgam indispensáveis.
"Quando você tem um dirigente que diz ser insubstituível e imprescindível", estará na presença de "uma pessoa pouco democrática ou de um pequeno ditador", acrescentou Lula durante o encontro, que reuniu na capital americana mais de 200 funcionários e empresários da região.