postado em 09/04/2011 17:14
Agência Ansa - Agenzia Nazionale Stampa Associata
A rodovia Interoceânica, que ligará o Brasil ao Peru e deve ser inaugurada ainda neste semestre, favorecerá as trocas comerciais entre os dois países, segundo especialistas consultados pela ANSA. Para o secretário-geral da embaixada do Brasil no Peru, César Augusto Bonamigo, ;a rodovia vai gerar benefícios diretos, como a diminuição de custos com transporte e a economia de tempo para os passageiros, e os indiretos, como o aumento da oferta produtiva potencial;.
Bonamigo também destaca que o fato da rodovia proporcionar ao Brasil uma saída para o Oceano Pacífico aproxima as nações, pois, segundo ele, sempre se falou que os dois países ficavam de costas um para o outro. ;É um marco histórico;, define o secretário-geral. Já o presidente da Câmara de Comércio Brasil-Peru, César Augusto Maia, afirma que a inauguração da rodovia vai ocorrer em um momento importante para os dois países, devido à eleição da presidente Dilma Rousseff e à eleição presidencial peruana, marcada para amanhã.
;A liderança política do Brasil, que acaba de ser renovada, e a do Peru, que será definida nos próximos meses, nos remete a um belo quadro futuro. Em breve, os dois países passarão a ter uma relação econômica e social mais expressiva e buscarão alinhamentos e um plano de longo prazo;, analisa Maia.
O especialista José Luis Bonifaz, professor da Universidade do Pacífico, também acredita que a rodovia será benéfica, pois, de acordo com ele, o Peru está começando a olhar para o Brasil como um importante sócio comercial. ;Para isso, deve seguir uma estratégia de introdução no mercado brasileiro, principalmente por meio do Acre, Rondônia e Mato Grosso;, diz Bonifaz.
O presidente da Câmara de Comércio Brasil-Peru destaca ainda que ;existe grande interesse do Peru no aumento das exportações para o Brasil;. Segundo ele, o país vem ampliando suas riquezas e investindo nas indústrias, o que favorecerá a oferta a seus compradores.
Em 2010, o Peru terminou na 26; posição entre os principais compradores dos produtos brasileiros. No último mês de fevereiro, foi registrado um crescimento de 136% nas importações e exportações em relação ao mesmo período do ano passado.
A presença das empresas brasileiras no país vizinho é outro ponto importante para ser observado nesse cenário. Só no empreendimento rodoviário estão envolvidas as empreiteiras Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, além de outras duas de origem peruanas. Em janeiro deste ano, foi anunciado um novo impulso para as relações comerciais. A criação de parcerias público-privadas (PPPs) para obras de infraestrutura deve beneficiar as empresas brasileiras.
Não é de se estranhar, portanto, que construtoras nacionais tenham sido as principais doadoras da campanha do candidato à presidência pela legenda Peru Possível, Alejandro Toledo, ex-presidente do país e que aparece em quarto lugar nas pesquisas, com 15% das intenções de voto.
As pesquisas apontam que o esquerdista Ollanta Humala, da coligação Ganha Peru, detém 29,5% da preferência do eleitorado, seguido pela candidata Keiko Fujimori, com 21,5%. Ela concorre pela aliança Força 2011 e é filha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), que está preso por violações aos direitos humanos e corrupção. Em terceiro lugar, aparece Pedro Pablo Kuczynski, da Aliança para a Grande Mudança, com 19,3%.