Agência France-Presse
postado em 11/04/2011 14:46
O Fundo Monetário Internacional (FMI) aumentou nesta segunda-feira (11/4) suas previsões de crescimento para a América Latina e Caribe a 4,7% (4,3% em janeiro), com um "risco significativo" de superaquecimento econômico. Para 2012 a região crescerá 4,25%, segundo as previsões econômicas do Fundo que são publicadas semestralmente.Os países mais desenvolvidos da região, com o Brasil na liderança, estão moderando o grande ritmo expansivo registrado em 2010, mas agora são alguns dos países que mostraram mais discrição os que estão exibindo sinais de mais força, como a República Dominicana ou o Haiti, em plena reconstrução. "A demanda robusta da China e a alta contínua dos preços das matérias-primas continuam sustentando esta fortaleza", explicou o texto. As exportações também acham outros mercados, e isso incentiva a entrada de capital estrangeiro.
O risco inflacionário está aumentando na América do Sul e América Central, mas, em compensação, o México está mostrando um bom comportamento, apesar de sempre dependente do comportamento dos Estados Unidos. Por países, o México crescerá 4,6% em 2011 (4,2% prognosticado em janeiro), e o Brasil 4,5% (4,5%). "Devido à importância sistêmica do Brasil na região, inúmeros países vizinhos estão se beneficiando de seu forte crescimento. Ao contrário, uma queda inesperada da atividade econômica no Brasil poderá afetar adversamente a região", adverte o texto. A Argentina crescerá 6%, o Chile 5,9% e a Colômbia 4,6%.
O forte crescimento experimentado pela Argentina, por exemplo, deve-se, em parte, à demanda brasileira, conforme explicou o economista do Fundo, Jorg Decressin. "Estamos presenciando uma recuperação mais forte que o previsto na Argentina, graças em parte à excelente demanda na região, incluindo o Brasil", explicou Decressin, vice-diretor do Departamento de Investigações do Fundo, em entrevista à imprensa.
Essa demanda regional, por sua vez, é estimulada pelos preços das matérias-primas no mundo e a entrada em massa de capital à América Latina, acrescentou. O Uruguai, por sua vez, crescerá 5,0%, o Peru 7,5%, a Bolívia 4,5%, e o Paraguai 5,6%. A região centro-americana registrará crescimento de 4,0%, a caribenha 4,2%.
Na região há dois grupos de países: por um lado, os altamente exportadores e com um bom dinamismo comercial: Brasil, Chile, Colômbia, Peru e Uruguai, e por outro, o resto da região, mais dependente de um único mercado (México em relação aos Estados Unidos) ou com políticas econômicas menos abertas, como a Venezuela. A entrada de capitais está causando autênticos quebra-cabeças no Brasil ou Colômbia, onde o crédito em termos reais está aumentando de 10 a 20% anualmente, adverte o Fundo. A bonança econômica e a melhoria do crédito, se não forem corretamente controlados, podem levar a uma nova crise. Em nível externo, se a economia mundial sucumbir à febre do preço do petróleo, isso também podem acabar danificando as exportações do conjunto da região.
Finalmente, um aumento muito rápido da taxas de juros nos Estados Unidos poderá provocar um investimento inesperado do fluxo de capitais, apesar do Fundo não considerar essa possibilidade como excessivamente perigosa.
O Fundo recomenda, como já fez na semana passada em um histórico informe sobre fluxo de capitais, o uso de ferramentas de controle no caso de necessidade. Mas isso não deve eliminar as boas políticas econômicas, particularmente a redução da dívida, a ampliação da arrecadação fiscal. "As taxas de câmbio deveriam continuar atuando como absorventes de choques", sugere o Fundo, para quem a valorização de uma moeda não é algo necessariamente negativo, contrariamente ao que pensam países como o Brasil.