Jornal Correio Braziliense

Economia

Brasil diminui ritmo de crescimento em fevereiro e expansão perde força


O Brasil registrou avanço de apenas 0,32% ante 0,7% em janeiro. A despeito desse freio, o primeiro trimestre do ano deve fechar com uma expansão do Produto Interno Bruto(PIB) próxima de 1,2% ; ritmo bem superior aos 0,45% dos últimos três meses de 2010, configurando uma economia ainda aquecida. Se o mesmo patamar for mantido nos próximos trimestres, o avanço será superior ao apontado como potencial do país, de 4,5%. Os dados fazem parte do Índice de Atividade Econômica do Banco Central e, aos olhos dos analistas, indicam que mais medidas monetárias ou macroprudenciais (alternativas ao aperto na taxa de juros) serão necessárias para arrefecer o consumo e, consequentemente, a inflação.

Jankiel Santos, economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, argumenta que a desaceleração do varejo, observada na última Pesquisa Mensal do Comércio, divulgada na terça-feira, foi apenas pontual. E, nos próximos meses, deve voltar a registrar taxas de expansão mais robustas. ;A indústria também está melhorando. Supondo que a atividade industrial dá sinais de que vai crescer mais, teremos dois segmentos indo na direção contrária da desaceleração;, alertou. Em fevereiro, a produção industrial avançou 1,6% frente a janeiro.

Acomodação
Comparado a igual mês do ano anterior, o PIB avançou 3,77%. Em 12 meses, o índice registra o acumulado de 6,83%. A desaceleração segue afinada com os cenários do próprio BC e do mercado, que esperam um crescimento entre 3,5% e 4% para 2011. ;Os dados mostram que esse processo de acomodação da economia está ocorrendo de forma mais lenta do que o esperando;, avaliou Maristella Ansanelli, economista-chefe do Banco Fibra. ;Estamos vendo um mercado de trabalho ainda muito aquecido e a renda em patamar elevado impulsionando a atividade econômica.;

Para o Itaú Unibanco, que também tem um indicador de atividade econômica, o arrefecimento foi mais intenso do que projetou o BC. Na pesquisa da instituição financeira, a taxa não registrou expansão se comparada a janeiro. ;De fato, houve mais componentes do PIB mensal em queda do que em alta na comparação com o mês anterior e livre de efeitos sazonais. No entanto, essa acomodação mais intensa tende a ser revertida em março;, projetou Aurélio Bicalho, economista do banco. (VM)


Ipea critica "terrorismo" do mercado

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) criticou ontem o que classificou de ;terrorismo; do mercado ao projetar taxas de inflação elevadas para 2011, próximas ao teto da meta (6,5%) perseguida pelo Banco Central. Para o órgão, haverá um aumento acima da meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional, mas dentro da margem de variação de dois pontos percentuais considerada aceitável. ;Estão querendo vender a ideia de que o Brasil pode entrar numa bolha inflacionária que conduzirá a um processo de hiperinflação;, acusou Roberto Messenberg, coordenador das projeções do instituto. Pelos cálculos do Ipea, os preços aumentarão entre 5% e 6% este ano.