Rosana Hessel
postado em 15/04/2011 07:03
Estudar no exterior ficou mais fácil. Muitos brasileiros aproveitaram o dólar desvalorizado frente ao real e a economia em crescimento para fazer viagens de intercâmbio. Ontem, a moeda norte-americana teve queda de 0,69%, fechando cotada a R$ 1,580. Enquanto isso, as salas das escolas de idiomas no Brasil estão mais vazias. ;Valeu muito a pena ter ido para fora aprender inglês. Já tinha feito um ano de curso aqui, mas não aprendi um quinto do que aprendi lá;, argumentou a estudante Laissa Moura Ferreira, 22 anos. No fim de 2008, ela trabalhou por sete meses nas cidades de Oakley, Miami e Boston, nos Estados Unidos. ;Voltei fluente, o que não conseguiria em um curso feito aqui no Brasil, já que lá temos contato constante com a língua. Além disso, é ótimo ver culturas diferentes;, completou.
Laissa contou que, à época, sabia apenas o básico do idioma. ;Não fui com o objetivo central de estudar, mas a gente acaba absorvendo muito. Acho que uma pessoa pode viajar sabendo bem pouco que aprende;, disse. Durante a estadia, a família dela desembolsou cerca de R$ 10 mil. ;Acaba ficando barato, até porque eu trabalhei. Um curso aqui, de cinco anos por exemplo, sairia bem mais caro no fim das contas;, destacou.
A jovem é um exemplo entre muitos. De acordo com a escola de idiomas CNA, que também oferece cursos no exterior, a procura por intercâmbios na instituição aumentou 20% em 2010, comparando com 2009. ;O aumento se deve a uma combinação de fatores: dólar competitivo, ascensão da classe média, aumento do poder de compra do brasileiro e maior necessidade de qualificação;, explicou o diretor de educação da escola, Marcelo Barros.
Dados do Banco Central comprovam a grande procura por viagens internacionais. Em 2010, US$ 42,4 milhões foram gastos por brasileiros no exterior com educação, cultura ou esporte. Em dezembro, a quantia chegou a US$ 5,6 milhões.
Absorção
Em média, o valor de um intercâmbio para San Diego (EUA) é de aproximadamente R$ 15 mil, com seis meses de duração. O mesmo período para Toronto, no Canadá, fica em torno de R$ 16 mil. Para ter domínio da língua no Brasil, o tempo estimado de curso é de cinco anos. Na Thomas Jefferson de Brasília, o aprendizado é feito em seis anos e custa
R$ 20.520. ;Em outro país a gente tem contato com a língua 24 horas por dia, então, a absorção é bem maior. Aqui, ao sair da sala de aula, você fala português e não fixa tanto;, argumentou Laissa.
Salas vazias
Para vencer a crise, as escolas de idiomas vêm diversificando as opções de cursos. A Fisk, por exemplo, oferece informática e reforço de português desde 2008, que já representam cerca de 7% do faturamento da instituição. ;Percebemos uma grande demanda de mercado por esses segmentos e decidimos ampliar;, explicou o representante da Fisk, Cristhian Ambros. A escola também tem um programa de intercâmbio. ;Para se ter uma ideia da procura, neste ano abrimos 500 vagas e em 30 dias já estavam esgotadas;, relatou Ambros.
Defesa de Mantega
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu ontem a estratégia do governo para conter a valorização do real. Ele negou que esteja tomando medidas em ;conta-gotas;. ;Você não explode uma bomba nuclear porque se não os efeitos colaterais são piores que a medida em si;, disse à Reuters antes das reuniões do G20 e do Fundo Monetário Internacional, que acontecem em Washington. Segundo o ministro, sem as ações adotadas pelo governo no câmbio, o dólar poderia estar agora entre R$ 1,35 e R$ 1,40. Ontem, o dólar fechou cotado a R$ 1,580 para venda. ;Não é fácil conseguir conter a inflação, o que significa aumentar os juros, e ao mesmo tempo tomar medidas para conter a valorização do real;, disse o ministro. ;Mas acho que temos conseguido;, afirmou.
Preço da fluência
Quanto custa estudar inglês
lá fora por seis meses*
San Diego (USA) R$ 15.200
Chicago (USA) R$ 19.575
Sydney (AUS) R$ 20.129
Brisbane (AUS) R$ 16.132
Toronto (CAN) R$ 16.838
* Valores sem a passagem aérea
e sujeitos a alterações
Fonte: Central de Intercâmbio