postado em 18/04/2011 07:01
A queda de braço dos bancos para ganhar participação no segmento financeiro os leva a fechar negócios caros e com rentabilidade demorada. O presidente da agência de classificação Austin Rating, Erivelto Rodrigues, avalia que o Itaú Unibanco pagou acima do valor de mercado pelo Banco Carrefour na compra fechada na semana passada. Segundo ele, o negócio vai ter difícil retorno a curto prazo.;Em função da forte concorrência, vemos hoje um exagero dos bancos para ganhar mercado. Se analisarmos os negócios anteriores, veremos que a média paga nas aquisições é de uma vez e meia a duas vezes o valor do patrimônio líquido;, explica Rodrigues. Mas o desembolso do Itaú pelo braço financeiro do Carrefour, diz o analista, supera em mais de duas vezes o patrimônio líquido do banco.
O Itaú Unibanco surpreendeu o mercado ao comprar 49% do Banco Carrefour por R$ 725 milhões. Segundo profissionais do setor, a participação no braço financeiro do grupo varejista francês no Brasil vinha sendo disputada por Bradesco, Banco do Brasil, Santander Brasil e Caixa Econômica Federal. ;A oferta do Itaú foi acima do valor do negócio para evitar que os concorrentes comprassem;, analisa Rodrigues. O retorno desse tipo de negociação para os bancos, diz, costuma acontecer em cinco anos. ;Mas, como o Itaú pagou muito alto, pode ultrapassar esse prazo.;
Com a operação, o Itaú garantiu a exclusividade na distribuição de produtos financeiros nos 163 supermercados da rede no país e ampliou sua presença no segmento de cartões. O Carrefour tem 7,7 milhões de cartões emitidos e uma carteira de crédito de R$ 2,2 bilhões. O presidente da Austin lembra que essa não foi a primeira vez que o banco passou na frente de concorrentes com ofertas altas. Em 2009, atropelou o Bradesco na negociação com a seguradora Porto Seguro e acabou fechando a transação.