Economia

Número de pessoas que perderam o emprego supera 1,6 milhão em março

Vânia Cristino/ Especial Estado de Minas
postado em 20/04/2011 10:07
A desaceleração da economia já chegou ao mercado de trabalho. Embora ainda positivo, o saldo líquido do emprego em março, de 92.675 novos postos, é quase três vezes menor do que o resultado do emprego formal em março do ano passado, quando foram criadas 266.415 oportunidades. A perda de ritmo decorre do número de demissões recorde do mês, de 1.673.247 trabalhadores, o maior da série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Para o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o mês de março deste ano foi atípico e não revela ainda uma tendência. Segundo ele, com o carnaval, o mês teve menos dias úteis, o que afetou a contratação. ;A construção civil não consegue produzir com chuva;, alegou ainda. Mesmo diante das evidências de que as medidas tomadas pelo governo, de contenção do crédito e do consumo, já estão afetando o mundo do trabalho, Lupi disse preferir esperar mais um pouco para fazer uma avaliação.

;Vamos ter uma surpresa favorável no mês de abril;, observou, sem, no entanto, informar os números parciais. Lupi aproveitou a divulgação dos dados do Caged para, mais uma vez, criticar a política monetária. ;Juro alto incentiva a especulação e desestimula a produção;, disse. O ministro também afirmou estar convencido de que o resultado do mercado de trabalho este ano vai superar o do ano passado, quando foram gerados mais de 2,5 milhões de empregos com carteira assinada. O acumulado do primeiro trimestre alcançou 583.886 novos postos de trabalho.

Em março, os setores que lideraram a geração de emprego foram os serviços (60. 309), a indústria de transformação (14.448) e a agricultura ( 11.400). A construção civil, que vinha contratando mais de 30 mil trabalhadores/mês, desabou. Em março, o setor foi responsável pelo chamado de apenas 3.315 operários.

Nordeste
A situação está pior para a indústria de produtos alimentícios e o comércio varejista, que já começaram a eliminar postos de trabalho. A primeira demitiu, no mês, 8.893 trabalhadores e o segundo, 10.018. Em termos regionais, o saldo líquido do emprego foi negativo no Nordeste. Na região foram fechados 31.649 postos de trabalho. Em todo o país, 15 estados registraram, em março, perda de postos de trabalho. O Ministério do Trabalho atribuiu o saldo negativo do emprego em Alagoas (-15.786), em Pernambuco (-7.205), no Maranhão
(-3.816) e na Paraíba (-3.126) a fatores sazonais, além do problema da construção civil.

Mulheres ganham menos
Quanto mais instruída é a mulher, maior a diferença salarial com o homem. E o prejuízo, é claro, fica com as mulheres. Embora predominantes em várias profissões, as que possuem curso superior completo chegam a ganhar um terço a menos que eles. Dados sobre o comportamento dos salários médios de admissão neste primeiro trimestre do ano, divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho, dão a dimensão da discriminação. Em média, as mulheres com nível superior completo foram contratadas por R$ 1.775,24 enquanto os homens começaram no emprego com R$ 2.894,39. Sem levar em conta o nível de instrução, o aumento real do salário de admissão para os homens, nos primeiros três meses do ano, foi de 3,84% enquanto que o das mulheres foi de 1,80%.

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