postado em 20/04/2011 13:17
Os membros da delegação da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), encarregados de negociar o plano de resgate financeiro de Portugal, conversaram nesta quarta-feira (20/4) com representantes das organizações patronais portuguesas sobre uma reforma trabalhista; ao mesmo tempo, o Estado continua pressionado pelos mercados."Entre os aspectos discutidos, quiseram conhecer nossa opinião sobre uma flexibilização do emprego", declarou João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), após uma reunião com a delegação da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu (BCE) e do FMI.
A flexibilidade trabalhista "é uma das preocupações da ;troika;" internacional, revelou João Machado, da Confederação de Agricultores de Portugal, acrescentando que "não há dúvida de que os tempos que virão serão duros para os portugueses".
Na terça-feira, os negociadores da UE e do FMI falaram as duas maiores centrais sindicais "sobre questões relacionadas ao seguro-desemprego" e acerca das "reformas do mercado de trabalho, segundo João Proença, secretário-geral da UGT.
Depois de se encontrar com os representantes internacionais, os sindicatos, os representantes da patronal e os partidos de oposição disseram que a UE e o FMI apresentarão ao governo, a partir da semana que vem, as medidas que acharem necessárias."Querem se informar sobre a situação em detalhes, não fazendo nenhuma proposta nem apresentando nenhuma medida", explicou o presidente da Confederação de Empresas Portuguesas (CIP), Antonio Saraiva.
Os diretores da missão internacional, que chegaram na segunda-feira a Lisboa para negociar as condições do resgate, se reuniram com o governo socialista e com a oposição, assim como com as duas principais confederações sindicais e especialistas dos setores de saúde e justiça.
Portugal emitiu títulos da dívida nesta quarta-feira pela primeira vez desde que oficializou o pedido de ajuda internacional, para suprir as necessidades do Tesouro. O país captou um bilhão de euros a curto prazo, mas com taxas de juros em clara alta em relação às emissões semelhantes anteriores: 5,529% para os bônus do Tesouro a seis meses, e 4,046% para os títulos a três meses.
"Mesmo com um pedido de ajuda exterior sobre a mesa, os investidores que decidirem comprar o risco de Portugal o farão com um preço cada vez mais elevado", afirma Filipe Silva, estrategista de obrigações do Banco Carregosa. Após a demanda por ajuda financeira feita por Portugal no dia 7 de abril, a UE e o FMI declararam-se dispostos a condecer um plano de resgate, sob a condição de que Lisboa adote até maio um "programa de ajuste", que deverá incluir medidas de austeridade "ambiciosas" e uma política de "crescimento e competitividade" baseada em reformas estruturais e privatizações.
O plano de resgate, estimado em 80 bilhões de euros, deverá comprometer os principais partidos políticos, para que se cumpra o programa de ajuste exigido em contrapartida, independentemente do resultado das eleições legislativas antecipadas de 5 de junho.
A conclusão de um acordo no prazo previsto é urgente para Portugal, que deve pagar cerca de cinco bilhões de euros da dívida até 15 de junho.