postado em 20/04/2011 20:30
O Banco Central contrariou a maioria do mercado financeiro e manteve sua estratégia de atacar a inflação de maneira gradual. Assim, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, deixando a taxa em 12% ao ano. A alta, a conta-gotas, como tem definido alguns integrantes do mercado financeiro, é parte do plano de voo traçado por Alexandre Tombini, presidente do BC. A nota divulgada à imprensa após a reunião do Copom confirmou as palavras do comandante da autoridade monetária ditas na semana passada, em Washington (EUA), de que o país está em meio a um ciclo de aperto monetário.
"Considerando o balanço de riscos para a inflação, o ritmo ainda incerto de moderação da atividade doméstica, bem como a complexidade que ora envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que, neste momento, a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012", disse a nota do BC.
Em resumo, a comunicação do BC confirma que o ciclo de aperto monetário será mais demorado e os ajustes virão em pequenas doses. Na avaliação de economistas, novas medidas prudenciais também devem vir para se somar a esses apertos. A despeito de ser considerado um aperto leve pelo mercado, o setor produtivo reclamou. A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) lamentou a decisão. "O governo precisa conseguir novas estratégias para conter a demanda, porque o problema é que não há oferta suficiente, e muito provavelmente chegaremos a 2012 com inflação acima do teto da meta, de 6,5%. O Brasil precisa de infraestrutura condizente com sua capacidade de consumo, e o aumento de juros vai na direção contrária de resolver essa questão", argumentou Roque Pellizzaro, presidente da CNDL.