Agência France-Presse
postado em 27/04/2011 18:31
Washington - O Federal Reserve, o BC americano reviu em baixa, nesta quarta-feira (27/4), a previsão de crescimento econômico nos Estados Unidos, num contexto de inflação maior, mas constatou uma melhora na situação do mercado de trabalho.O Fed se declarou mais otimista em relação ao emprego do que em janeiro, estimando que o desemprego poderia cair para 8,4% no final do ano, prevendo, no entanto, um aumento da inflação, entre 2,1 e 2,8%.
O presidente do Banco Central americano, Ben Bernanke, disse em entrevista à imprensa, em Washington, que a instituição considera desejável uma inflação entre 1,7 e 2,0% ao ano, ao comentar as novas previsões econômicas.
Numa inédita entrevista à imprensa, Bernanke também disse ter "certeza" de um retorno a uma política monetária normal, mantendo "confiança nos instrumentos de que dispõe" para equilibrar a situação.
Em seus 97 anos, o Federal Reserve nunca recebeu jornalistas depois de uma reunião de seu Comitê de Política Monetária (FOMC).
Na reunião, o Fed decidiu manter a flexibilidade de sua política monetária, considerando que a recuperação econômica do país opera a um "ritmo moderado" apesar da melhora progressiva do mercado de trabalho.
Assim, o FOMC manteve sua taxa básica de juros quase nula e reiterou a decisão de levar a termo seu programa de compra de bônus do Tesouro, anunciado em novembro, por 600 bilhões de dólares no prazo estipulado, o mês de junho.
A ideia é reduzir o custo do crédito, a fim de estimular ao máximo as famílias a consumir e as empresas, a investir, para sustentar a atividade e favorecer a criação de empregos, o que os economistas consideram um ;círculo virtuoso de crescimento;.
Bernanke disse, além disso, que é crucial os Estados Unidos enfrentarem o problema de sua dívida, estimando que o nível de endividamento é o desafio "mais importante", a longo prazo, para a economia.
"Pelo menos a longo prazo, é o problema econômico mais importante enfrentado pelos Estados Unidos", disse.
Reafirmou que os Estados Unidos e a economia mundial têm interesse num dólar "forte".
O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, havia dito na terça-feira que os Estados Unidos não adotariam "jamais" uma "estratégia de enfraquecer" o dólar.
"Nossa política foi e será sempre, enquanto eu ocupar a presidência do Fed, a de que um dólar forte é do interesse do país".
Desde o início do ano, o dólar perdeu 6,5% em relação a uma cesta de moedas dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos.
Geithner atribuiu à baixa do dólar a uma conjuntura econômica mundial favorável a outras moedas.
O Fed foi acusado por vários países europeus e emergentes de tentar enfraquecer o dólar para conseguir maior competitividade nas exportações dos Estados Unidos, estimulando, assim, sua recuperação econômica - o que sempre foi negado por Bernanke.