Agência France-Presse
postado em 29/04/2011 13:42
Rio de Janeiro - O "impacto maciço" que a organização da Copa do Mundo de futebol e dos Jogos Olímpicos terá sobre a economia brasileira entre 2014 e 2016 foi o centro do debate nesta sexta-feira (29/4) no Fórum Econômico Mundial para a América Latina, no Rio de Janeiro.O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair participou da discussão, compartilhando a experiência que teve durante seu governo para levar Londres a ser escolhida sede dos Jogos de 2012.
"Vendemos a ideia de uma Londres diferente, com várias caras, várias culturas. Mostrar uma Londres que não se vê no turismo", lembrou.
Blair destacou o "impacto maciço" que os Jogos tiveram sobre a economia britânica, e afirmou que o mesmo certamente ocorrerá com o Brasil, que receberá no espaço de apenas dois anos dois dos eventos esportivos mais importantes do mundo.
"O impacto econômico é maciço, porque os esportes são mais do que isto. Primeiro, há as implicações óbvias - mais empregos na construção da infraestrutura e de imóveis -, mas também é possível usar os Jogos Olímpicos como uma plataforma para atrair negócios que vão além dos esportes", indicou o ex-premier.
A organização do Mundial injetará, segundo um estudo apresentado em junho de 2010, até 80 bilhões em investimentos, enquanto as Olimpíadas, no Rio de Janeiro, devem atrair cerca de 17 bilhões de dólares entre capitais públicos e privados.
Além disso, argumentou Blair, sediar estes importantes eventos "é uma grande oportunidade e um grande objetivo, porque eles servem de plataforma para apresentar seu país".
"Entretanto, é preciso estar seguro para poder organizar os Jogos, porque embora haja um histórico de resultados muito bem sucedidos, há também fracassos. É possível fazer isto bem ou mal, e o resultado se refletirá na imagem do país", disse.
O Brasil tem recebido duras críticas pelos atrasos nas obras dos estádios e de infraestrutura necessárias para a realização dos dois eventos. As autoridades, no entanto, garantem ser capazes de concluir todos os projetos a tempo.
"O setor privado está nos ajudando, e estamos confiantes em cumprir os prazos", declarou Renato Villela, secretário estadual das Finanças do Rio de Janeiro, que também participou do debate.
A Copa e os Jogos Olímpicos também permitirão ao Brasil investir em "country branding" (a promoção do país como se fosse uma marca comercial), segundo Mark Penn, presidente da empresa de comunicações Burson-Marsteller - que, entre outros clientes, assessorou a administração Blair na época da apresentação da candidatura olímpica, em 2006.
"Não se trata apenas de infraestrutura. É preciso também trabalhar a imagem do país. Não se trata apenas de fazer as coisas, e sim de divulgar que foram feitas", resumiu. "A boa notícia é que as expectativas em relação ao Brasil são baixas, o importante é surpreender na hora do evento".