Economia

Vencedor da licitação do aeroporto JK terá que refazer projeto da Infraero

Proposta foi criticada por estar aquém das necessidades

Rosana Hessel
postado em 30/04/2011 08:55
As empresas que assumirem as concessões dos aeroportos internacionais de Brasília, Guarulhos, Viracopos, Confins e Galeão precisarão refazer os projetos de ampliação dos terminais. Devido ao forte crescimento do número de passageiros nos últimos dois anos, todos os projetos realizados pela Infraero estão subdimensionados, sustentam especialistas. O atual ritmo do tráfego aéreo já indica que as capacidades projetadas serão superadas muito antes da Copa do Mundo de 2014.

Atualmente, 14 dos 20 maiores aeroportos operam acima do limite; e outros três já ultrapassaram a barreira da eficiência operacional, equivalente a 80% da capacidade instalada. O terminal de Brasília, terceiro maior do país, é um dos casos mais graves. As instalações foram projetadas para 10 milhões de usuários. No ano passado, recebeu 14,1 milhões de passageiros e hoje opera com fluxo 41% acima de suas possibilidades, conforme dados compilados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) apontou o mesmo problema.

O terminal da capital federal recebeu 14,1 milhões de passageiros em 2010, mas suporta apenas 10 milhões;A ampliação elevaria a capacidade de Brasília para 18 milhões de pessoas em 2014, mas a Infraero estima um movimento de 17,8 milhões. Isso mostra que o projeto está muito apertado, como todos os demais feitos pela estatal. Eles precisam ser revisados;, alega o professor Elton Fernandes, autor de estudo realizado pelo Snea em parceira com o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Um bom projeto de ampliação de aeroportos, que não comprometa a qualidade dos serviços prestados, precisa considerar uma margem de segurança de 20%, observa Fernandes. ;Quando essa margem é atingida é o momento para a expansão;, comenta. As projeções do Snea é que o terminal do Distrito Federal receba 21,2 milhões de pessoas no ano da Copa. Procurada, a Infraero não quis comentar o estudo do Snea.

Consenso
Guarulhos, o maior aeroporto do país, vive situação pior. O terceiro módulo de passageiros, que deveria ter sido construído na década de 1990, foi adiado por várias vezes e ainda não há previsão para o início das obras. A projeção da Infraero para o aeroporto é de 27,3 milhões de usuários em 2014. No entanto, foram registrados 26,7 milhões já em 2010. A ampliação desenhada pela estatal permitiria ao teminal receber 35 milhões de pessoas. Mas a Coppe e o Snea já projetam 37,2 milhões para o ano da Copa ; ou seja, Guarulhos chegaria ao mundial com sua capacidade estourada em 7%.

Confins, em Minas Gerais, também enfrenta problema parecido. As obras de modernização do aeroporto mineiro preveem um aumento de 5 milhões para 8,5 milhões de passageiros ; volume abaixo dos 12,5 milhões calculados pelo Snea. Apenas os projetos de ampliação de Viracopos e Galeão conseguiriam atender a demanda prevista de 2014, mas isso só se as obras forem concluídas a tempo.

A necessidade de apressar o passo agora começa a ser um consenso no governo. Ontem, no Fórum Econômico Mundial realizado no Rio de Janeiro, os presidentes da Autoridade Pública Olímpica (APO), Henrique Meirelles, e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, destacaram a necessidade de urgência das obras. ;Temos ações rápidas para os aeroportos. Estamos concentrados diretamente nisso;, enfatizou Coutinho. O BNDES deverá financiar os grupos privados que arrematarem os aeroportos.

Abacaxi
O módulo operacional provisório do aeroporto de Brasília, inaugurado em novembro de 2010, é um exemplo das alternativas de para a Copa. Conhecido como ;puxadinho;, consumiu quase R$ 3 milhões do contribuinte e é insuficiente para atender a demanda atual. Quando assumir o negócio, a iniciativa privada terá um abacaxi nas mãos. O módulo está justamente na área destinada à expansão do segundo terminal.

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