Economia

"O BC é criativo", diz Mantega durante audiência pública no Senado

postado em 04/05/2011 08:00
A despeito de as medidas macroprudenciais, consideradas alternativas às elevações da taxa básica de juros, ainda não terem arrefecido a economia num ritmo suficiente para conter a inflação, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, está otimista com o potencial delas. Para ele, o Banco Central foi criativo no uso dessas ferramentas: atuou para barrar a carestia e, ao mesmo tempo, tentou garantir que o país mantivesse o dinamismo. Nas palavras do ministro, ;derrubar a inflação derrubando o crescimento, qualquer um faz;. ;Se houvesse apenas essa alternativa, não precisaria de ministro da Fazenda;, afirmou durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

O ministro reiterou sua projeção de crescimento econômico em 4,5% neste ano, embora os analistas de mercado apostem apenas em 3,5%. A estimativa de Mantega para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 5,6%, também bastante menor que a dos especialistas (6,37%). Senadores de oposição criticaram o otimismo, mas o ministro seguiu sua pregação. ;A política econômica no Brasil é consistente;, disse. ;A inflação é uma questão fundamental. Vamos ficar sempre alertas para impedir que ela volte. Temos focos internos, especialmente no setor de serviços;, minimizou.

Desconfiança
O mercado, assim como os oposicionistas, não acredita no cenário desenhado pelo governo. Desconfia das medidas para conter o consumo. Semana após semana, os analistas aumentam a previsão de inflação, aproximando-a do teto da meta (6,5%). Com a contínua piora das expectativas, Mantega atacou o mercado. Disse que tem muita gente ;operando para ganhar dinheiro;. Explicou aos senadores que as pressões causadas pelo preço da gasolina devem diminuir em maio. Segundo ele, a colheita de cana de açúcar já começou e, em breve, o etanol deverá ficar mais barato, influenciando o combustível derivado do petróleo.

;A partir de maio, as chuvas devem parar. Não sei por que ainda não pararam. São Pedro não está nos ajudando;, disse em tom de brincadeira. O ministro voltou a dizer que o consumidor não será prejudicado por uma eventual alta da gasolina nas refinarias. ;Caso seja necessário a Petrobras aumentar o preço, nós iremos diminuir a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) para não subir na bomba.; Convocado para explicar o papel do governo na troca de comando da Vale, ele defendeu o direito de opinar na gestão da empresa, de cujo capital participa por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mas garantiu que não houve interferência do executivo na saída de Roger Agnelli da presidência da mineradora.

Bons problemas
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu uma ação forte do governo no controle do fluxo de capitais estrangeiros. Não descartou o uso de nenhuma ferramenta, nem mesmo de uma quarentena de investimentos estrangeiros no país. Porém não quis descrever o que planeja. ;É sempre bom ter o efeito surpresa a nosso favor;, destacou. Mantega ainda classificou o expressivo fluxo de dólares para o Brasil como um dos ;muitos e bons problemas; que o país tem de enfrentar. ;Prefiro ter excesso de capital para resolver a nenhum. Prefiro ter falta de mão de obra do que falta de vagas.;

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