postado em 09/06/2011 08:00
O ingresso de capital estrangeiro no Brasil superou a saída em US$ 261 milhões nos três primeiros dias úteis de junho, resultado fraco quando comparado à média de maio, superior a US$ 1 bilhão por semana. Na conta financeira, o movimento de câmbio também segue positivo em US$ 449 milhões, após o mês passado ter ficado no vermelho, com saldo negativo de US$ 2 bilhões. Neste início de junho, a conta comercial ; que observa o movimento de recursos oriundos de contratos de importação e exportação ; também ficou no negativo: registrou deficit de US$ 189 milhões. No ano, o ingresso de dólares no Brasil acumula US$ 42,6 bilhões.Com todo esse excesso de dólares, o Banco Central viu-se obrigado a comprar todos os dólares que entraram no Brasil para evitar um derretimento da moeda norte-americana. Apenas nos três primeiros dias úteis de junho, a autoridade monetária adquiriu tudo o que chegou ao país e ainda uma parte do que havia nos cofres dos bancos. Enquanto o ingresso de capital estrangeiro foi de US$ 261 milhões, o BC engordou as reservas em US$ 913 milhões ; número 70% maior que toda a entrada de dólares no país no período. Com o incremento desses três dias, as reservas internacionais atingiram US$ 334,6 bilhões.
Mundo afora
Ainda que tenha enxugado todo esse volume de recursos da economia, a cotação da moeda norte-americana continua em patamar abaixo de R$ 1,60, meta não oficial perseguida pelo governo. Ontem, a divisa fechou o dia cotada a R$ 1,583, com alta de 0,32% em relação ao pregão do dia anterior. A valorização da moeda frente ao real, na visão de analistas, não teve relação com o cenário interno, mas com o exterior. A aversão ao risco depois que o Federal Reserve (FED, o Banco Central dos Estados Unidos) divulgou documento mostrando que a recuperação dos EUA ainda não está disseminada levou investidores no mundo inteiro a deixarem as bolsas de valores e a migrarem para o dólar.
O Banco Central também divulgou ontem o resultado fechado de maio para o movimento de capital estrangeiro no país. No mês passado, essa conta ficou positiva em US$ 5,2 bilhões. No mercado financeiro, a diferença entre o ingresso e a saída de recursos deixou um saldo negativo de US$ 2 bilhões. O fluxo cambial do mês só não ficou no vermelho porque a balança comercial registrou entrada de US$ 7,2 bilhões.
Aposta dos bancos
O Banco Central tem ainda uma montanha de US$ 9,3 bilhões a derrotar antes de conseguir levar a cotação do dólar a um patamar superior a R$ 1,60. Mesmo depois de limitar as apostas dos bancos contra a divisa americana, as instituições financeiras continuaram a fazê-las e a despejar no mercado uma enxurrada de dólares com o objetivo de recomprá-los a um valor menor no futuro.