Economia

BC intensifica procura por executivos para ocuparem cargos no alto escalão

postado em 12/06/2011 08:00
Quase seis meses depois de assumir o comando do Banco Central, o presidente Alexandre Tombini ainda não conseguiu compor toda a equipe da instituição e continua em busca de dois nomes para assumir as diretorias de Assuntos Internacionais e de Pesquisas Especiais. Como, além de chefiar as áreas, os escolhidos participam do Comitê de Política Monetária (Copom) ; que define os rumos da taxa básica de juros (Selic) ;, a expectativa é de que os escolhidos saiam do mercado financeiro, como forma de ampliar o debate em torno das decisões da autoridade monetária. Atualmente todos os membros do comitê são oriundos de carreiras públicas.

A procura do BC se intensificou nos últimos dias porque o diretor Luiz Awazu Pereira está sobrecarregado. Desde o início do ano, acumula a chefia das áreas de Regulação do Sistema Financeiro e de Assuntos Internacionais. Ambos os segmentos se tornaram sensíveis nos últimos meses: um devido à intensa valorização do real em relação ao dólar e das incertezas que envolvem a economia mundial. O outro, depois dos problemas com o Banco PanAmericano.

;O BC tem uma missão tensa e que exige muito do quadro. Essa diretoria tem de contar com todos os seus elementos;, avalia José Luiz Rodrigues, diretor da consultoria JL Rodrigues. ;Principalmente em uma área regulatória, que é uma das mais importantes por colocar regras no sistema e agir também de maneira prudencial;, aponta.

Para o economista e consultor Roberto Luís Troster, o momento é adequado para o BC buscar alguém do mercado financeiro. ;O grupo atual é excelente, mas é sempre bom ter cabeças que pensam de maneira diferente;, afirma. Luiz Miguel Santacreu, analista da Austin Rating, concorda que é hora de diversificar as opiniões. ;A crítica que se fazia às antigas gestões do BC era que tinha muito peso das instituições privadas, de não ter funcionários de carreira. Agora, o quadro se inverteu;.

Zeina Latif, economista do Royal Bank of Scotland, foi sondada para a diretoria de Pesquisas e seria a primeira mulher a ocupar uma cadeira no alto escalão do banco, mas Tombini desistiu da nomeação. Há algumas semanas, a instituição manteve conversas com um renomado economista brasileiro que atua nos Estados Unidos, mas ele recusou alegando motivos pessoais.

Proposta recusada
Outro convidado do presidente do BC chegou a vir dos EUA para um encontro do qual também participou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mas por motivos pessoais recusou a proposta. Para evitar especulações e pressões do próprio mercado financeiro, a autoridade monetária está conduzindo a busca com discrição.

;Algumas pessoas têm dito que o nome precisa ser mais alinhado com a Fazenda, para não voltarmos a ver uma divisão tão nítida entre os dois órgãos. Pode até ser um pouco disso ou pode ser porque ainda não encontraram pessoas dispostas ao trabalho;, pondera Santacreu. ;Têm de ser preenchidas essas diretorias vagas, para que se ganhem agilidade e boas condições de trabalho e, ao mesmo tempo, tenha-se essa mistura de ideias;, sugere Rodrigues.

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