postado em 17/06/2011 17:48
ATENAS - O anúncio do primeiro-ministro grego, Georges Papandreou, nesta sexta-feira (17/6), de nomear como ministro das Finanças seu antigo adversário político, Evangelos Venizelos, trouxe um certo alívio aos mercados mundiais e possibilitou um fechamento em alta das bolsas europeias, também influenciadas pela aparente harmonização entre a chefe do governo alemão, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy.Segundo informações de ambos os governos, Alemanha e França querem uma solução rápida para a crise e concordaram que o setor privado grego deva participar voluntariamente do resgate econômico do país. "Não há nenhuma base legal para a participação obrigatória", disse a chefe do governo alemão às vésperas da reunião que os ministros das Finanças da Zona Euro celebrarão no domingo em Luxemburgo para tratar da crise grega.
A Alemanha planejava até agora envolver no plano bancos, seguradoras e fundos de investimento, mas a França e o Banco Central Europeu (BCE) se opunham a isso, por temer um contágio desse eventual default.
A Casa Branca, por sua vez, felicitou a "determinação do primeiro-ministro Papandreou e do governo grego de tomar as "difíceis medidas necessárias" para guiar a Grécia a superar seus problemas financeiros", disse o porta-voz da presidência dos Estados Unidos, Jay Carney. Com esse novo cenário, a maioria das bolsas europeias, que abriram em baixa, deram sinais de estabilidade.
O índice Footsie 100 de Londres subiu 0,28% e o Dax de Frankfurt encerrou em alta de 0,76%. Também o CAC 40 de París subiu 0,83% e o Ibex de Madrid obteve ganho de 2,18%.
No mercado de obrigações, cujas rentabilidades evoluem em sentido oposto aos seus preços, a dívida grega com vencimento a dez anos ficou acima dos 17% (a 17,034% frente aos 17,685% registrados na véspera). Já os bônus com vencimento a dois anos passaram a 30%, contra 26% no dia anterior. Ainda nesta sexta-feira, Papandreou nomeou como ministro de Relações Exteriores Stravos Lambrinidis, ex-líder da bancada socialista grega no Parlamento Europeu.
"O desafio está diante de nós, é um momento histórico. A Europa escreverá a história ou a história apagará a União Europeia", disse Papandreou na quinta-feira ante os membros da bancada socialista.
A decisão de Papandreou de nomear, para o ministério das Finanças, Evangelos Venizelos, tem o intuito de obter um consenso no Partido Socialista (PASOK) para aprovar os novos ajustes exigidos pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para salvar o país da falência. Venizelos substitui George Papaconstantinou - desgastado pelo plano de austeridade adotado para cumprir com as exigências da UE e do FMI. Papaconstantinou, no entanto, permanece no governo, como ministro do Meio Ambiente.
Venizelos, 54 anos, que também ocupará um dos dois postos de vice-premier, havia desafiado em 2007 Papandreou na disputa pela liderança do PASOK.
O novo homem forte do governo é um especialista em temas constitucionais, que esteve à frente da preparação dos Jogos Olímpicos de Atenas-2004. Mas sua nova missão terá pouco de espírito esportivo: o novo ministro terá que fazer o país aceitar a amarga fórmula de novos ajustes, em uma nação já abalada por mais de dois anos pela recessão, cortes de salários e desemprego em alta.
O novo gabinete será submetido a um voto de confiança do Parlamento no domingo, mesmo dia de uma reunião de ministros das Finanças da Eurozona em Luxemburgo para tentar superar as divergências sobre o plano de ajuda à Grécia.
Os novos ajustes - de 28 bilhões de euros (40 bilhões de dólares) escalonados até 2015 - devem ser votados até o fim do mês. O programa inclui aumento de impostos e um grande plano de privatizações. A medidas geram fortes resistências entre a população e as bases do PASOK.
A bancada parlamentar socialista tem uma maioria estreita de 155 deputados, de um total de 300. Na quinta-feira, dois deputados renunciaram a seus mandatos por não concordarem com as novas medidas, mas serão substituídos por correligionários.
O país se viu praticamente paralisado na quarta-feira por uma greve geral - a terceira do ano - e por manifestações convocadas pelos sindicatos e pelo movimento dos "Indignados". O prazo, no entanto, é cada vez mais curto: o governo grego advertiu que se veria impossibilitado de honrar os vencimentos de julho sem a liberação da parcela de 12 bilhões de euros por parte do FMI e da UE, como parte do empréstimo de ; 110 bilhões acordado ano passado. O primeiro plano de resgate da economia grega se revelou insuficiente.