postado em 18/06/2011 15:26
São Paulo ; Passado o período de bonança que antecedeu a crise mundial de 2008, a economia brasileira voltará a crescer, a partir de 2011, menos do que o restante do globo. A sentença foi prescrita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que reduziu ontem sua estimativa de expansão da atividade no Brasil de 4,5% (prevista em janeiro) para 4,1%. O nível é inferior aos 4,3% esperados para a média do restante dos países e menor ainda do que o projetado para o conjunto da América Latina e Caribe ; 4,6%.Ruim neste ano, pior no próximo, quando o crescimento do Brasil não passará de 3,6%, enquanto o restante do mundo avançará à taxa de 4,5%. A perda de fôlego prevista pelo FMI incorpora, segundo o economista-chefe e diretor de Pesquisas do organismo, Olivier Blanchard, a certeza de um arrocho monetário maior, além do já promovido desde o início do ano pelo Banco Central. Para ele, que anunciou os números em São Paulo, o crescimento brasileiro acompanha a tendência dos últimos anos, indicadas pelo fundo para a América do Sul ;onde os preços das commodities, as condições favoráveis ao financiamento externo e as políticas macroeconômicas flexíveis estimularam a demanda doméstica.;
Esses incentivos, entretanto, também foram responsáveis pelo surgimento de sinais de pressões inflacionárias, já identificados em várias economias emergentes, incluindo o Brasil, segundo Blanchard. ;Algumas delas estão claramente enfrentando o risco de superaquecimento;, indicou. O economista exemplificou que, em alguns desses locais, principalmente na Ásia, estão sendo observados níveis de inflação elevados, em função da forte demanda doméstica. Em outros, particularmente na América Latina, registra-se uma forte valorização das moedas locais, influenciadas pelo aumento de preços das matérias-primas.
Aumento dos juros
Apesar de o Brasil se encaixar nos dois exemplos ; mercado interno ainda forte e uma forte elevação do real sobre o dólar, que ainda não foi revertida ;, Blanchard disse acreditar que a inflação será controlada e retornará ao centro da meta (4,5%) em 2012. ;A inflação no Brasil poderia ser um problema, mas o Banco Central está bem ciente disso;, considerou. Atualmente, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula 6,55% em 12 meses, nível superior ao teto da meta (6,5%) e, apesar de o mercado estimar níveis inflacionários próximos de zero nos próximos meses, a autoridade monetária já sinalizou que os juros continuarão subir por tempo ;suficientemente prolongado;.
O relatório publicado ontem pelo FMI também reduziu as projeções para a América Latina de 4,7% para 4,6% em 2011 e de 4,2% para 4,1% em 2012. Os países da região, segundo o FMI também correm o risco de superaquecimento econômico, devido ao avanço da atividade doméstica. Pelas projeções do fundo, o México crescerá 4,7% em 2011, enquanto a Argentina expandirá sua economia em torno de 6%, o Chile em 6,2% a Colômbia em 4,6%.
Até mesmo a Colômbia, único país no bloco que teve queda em 2010 (-1,5%) se recuperará e saltará 3,3%. ;O crescimento da América Latina se mantém robusto;, apontou o FMI.