Economia

UE aumenta pressão sobre a Grécia para evitar contágio de crise financeira

Agência France-Presse
postado em 23/06/2011 16:49
Os líderes da União Europeia (UE) aumentaram nesta quinta-feira a pressão sobre a Grécia para que aprove um impopular plano de austeridade, diante do risco de uma falência do país que ameaça arrastar a Eurozona e começa a inquietar seriamente sócios importantes, como os Estados Unidos.

"A Grécia deve primeiro obter uma votação importante" para que a zona do euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) desenbolsem uma ajuda imediata, disse a chanceler alemã Angela Merkel, em Bruxelas, onde os líderes europeus abriram uma cúpula dominada pela crise grega.

A Grécia encontra-se à beira da bacarrota, mas os dirigentes europeus não vão desbloquear nenhuma ajuda até que o Parlamento adote um plano de austeridade, tão impopular que os sindicatos gregos convocaram uma greve geral para os dias previstos de sua votação, 28 e 29 de junho.

O líder da oposição conservadora, Antonis Samaras, também presente em Bruxelas, reiterou sua reprovação, estimando que os ajustes previstos criam "problemas", já que agravarão a recessão no país.

Mas Samaras recebeu uma enxurrada de críticas indiretas.

Merkel instou a oposição a estar "à altura de sua responsabilidade histórica" e apoiar os cortes do governo socialista, enquanto o primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt, tachou de "irresponsável" fazer os gregos acreditarem que "podem se safar da pressão e que não precisam de reformas".

O primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreou, buscou transmitir uma mensagem tranquilizadora: "Se houver um compromisso forte por parte da União Europeia (UE), haverá um compromisso forte da Grécia ao mesmo tempo", disse.

Mas Merkel deixou claro que não haverá "nenhuma decisão" durante a cúpula de dois dias, lembrando que os europeus se reunirão em 3 de julho para decidir se desbloqueiam um apoio financeiro em função do voto no Parlamento grego.

O atraso da ajuda e as divergências sobre como salvar a Grécia e a zona do euro têm perturbado há tempos os mercados mundiais, mas agora os Estados Unidos também começaram a demonstrar que é hora de tomar uma decisão.

"Se não for resolvida, essa situação poderá ameaçar o sistema financeiro europeu e mundial", disse na quarta-feira o diretor do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke.

A zona do euro e o FMI já aprovaram no ano passado um resgate de 110 bilhões de euros. Apesar dos esforços, a Grécia não conseguiu levantar-se e sua dívida já chega a 150% do PIB.

No dia 3 de julho, se houver um programa de austeridade, os europeus aprovarão o desembolso da próxima parcela de 12 bilhões de euros previstos neste resgate e desenharão um segundo, que contará com a participação voluntária do setor privado.

Os governos mantêm atualmente contatos com os bancos detentores da dívida grega para que aceitem se envolver no plano, concordando em estender os vencimentos dos títulos. O sistema bancário grego foi o primeiro a aceitar esta proposta, indicou nesta quinta-feira o governo da Grécia.

O momento é crítico: sem apoio internacional, a Grécia não poderá evitar a bancarrota imediata e existem dúvidas de que, mesmo com uma ajuda, consiga se libertar desta ameaça a médio prazo.

Alguns especialistas comparam os efeitos de uma eventual suspensão de pagamentos grega à quebra do banco americano Lehman Brothers em 2008, que desatou a pior crise financeira no planeta desde a Segunda Guerra Mundial.

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