Economia

BID vai dobrar recursos para empresas que priorizem as classes C, D e E

postado em 27/06/2011 16:40
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) vai dobrar o volume de recursos para investimento em empresas que ofereçam soluções para melhorar as condições de vida das classes C, D e E na América Latina e no Caribe. O anúncio foi feito na manhã desta segunda-feira (27/6) durante o 1; Fórum para o Desenvolvimento da Base da Pirâmide, que termina amanhã na capital paulista.

;Cerca de 360 milhões de pessoas na região, ou 70% da população, são insuficientemente atendidas e pagam muito caro por serviços como saúde, educação e moradia;, disse o colombiano Luis Alberto Moreno, presidente do BID.

Os investimentos serão feitos por meio da iniciativa Oportunidades para a Maioria (OMJ, na sigla em inglês), criada há três anos. Desde 2008, a OMJ já investiu US$ 160 milhões no apoio de 24 projetos voltados às pessoas que integram a base da pirâmide social na América Latina e no Caribe, em setores como educação, saúde e moradia. O objetivo é que, até 2015, mais de 2,2 milhões de pessoas na região sejam beneficiadas com esses projetos.

;Essas populações tem sido negligenciadas, sobretudo do ponto de vista do setor privado organizado. São elas que pagam uma multa de pobreza: por serem pobres, acabam pagando mais por produtos e serviços em função da logística e do volume dos produtos. O que estamos querendo é nos associar com empresas privadas que querem pensar em novos modelos de negócios que possam, finalmente, servir a esse segmento da sociedade;, afirmou Luiz Ros, gerente da OMJ.

Segundo ele, o financiamento não se baseia em filantropia. ;Isso é negócio. É fazer com que o setor privado preste atenção nas oportunidades que tem de construir relações de longo prazo, que melhore a qualidade de vida das populações de baixa renda e, ao mesmo tempo, ofereça grandes oportunidades de crescimento e inovação do setor privado;, disse Ros.

Os investimentos, segundo o BID, devem chegar a US$ 100 milhões por ano. Mas não há limite. ;À medida que existam projetos que se caracterizem para servir a esses setores de baixa renda, teríamos recursos para financiar essas operações, independentemente do montante;, disse Ros.

O financiamento é feito diretamente com o BID, sem intermediários. Segundo Ros, as taxas oferecidas serão compatíveis com as de mercado, mas os prazos poderão ser maiores. ;Os prazos que oferecemos são mais dilatados e, muitas vezes, maiores do que as empresas podem encontrar no mercado local;, disse ele, acrescentando que o volume máximo que será aportado em cada operação é US$ 10 milhões.

O primeiro projeto brasileiro desse tipo foi aprovado no ano passado. O distribuidor atacadista Tenda recebeu um empréstimo de US$ 10 milhões do BID para ampliar o programa de crédito a microempresários de baixa renda no setor de serviços alimentícios de São Paulo, como pipoqueiros, vendedores de cachorro-quente e confeiteiros, entre outros. ;Eles [Tenda] montaram um programa de assistência técnica para ajudar a esse dogueiro [vendedor de cachorro-quente] ou dono de pizzaria a não só comprar os ingredientes na Tenda, mas também a se capacitar, aprender a fazer um orçamento;, exemplificou Ros.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação