Economia

Lagarde é nomeada diretora-gerente do FMI

Agência France-Presse
postado em 28/06/2011 14:45

WASHINGTON - A ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde, foi escolhida nesta terça-feira como nova diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), a primeira mulher na história da instituição, anunciou um comunicado oficial.

Lagarde, 55 anos, foi escolhida por unanimidade pelos 24 membros do Conselho de Administração para substituir no cargo seu compatriota Dominique Strauss-Kahn, julgado nos Estados Unidos.

Seu rival era o presidente do banco central mexicano, Agustín Carstens, de 53 anos.

"Me sinto honrada e feliz", reagiu imediatamente a ainda ministra francesa em sua conta do Twitter.

"O FMI esteve a serviço de seus 187 países-membros durante a crise econômica e financeira mundial, o que o levou a se tranformar profundamente. Meu primeiro objetivo quando passar a liderar nossa instituição será conseguir que continue no mesmo caminho com a mesma determinação", completou em um comunicado.

Apesar de algumas vozes terem expressado o desejo de que fosse rompido o tácito acordo que determina que há 65 anos a direção do FMI fique nas mãos de um europeu, no final a tradição se impôs.

O presidente do Banco Mundial, o americano Robert Zoellick, cumprimentou Lagarde e rendeu homenagem "ao impacto" que teve como ministra.

Lagarde liderou a corrida para a chefia do fundo com o sólido apoio europeu, e foi somando votos de potências emergentes, o que deixou Carstens praticamente sem chances.

"Estou certo de que a senhora Lagarde será uma líder da instituição muito competente", afirmou o presidente do banco central.

Carstens contou com o apoio de vários países latino-americanos, além de Espanha, Austrália e Canadá.

Na segunda-feira, a ministra francesa recebeu o apoio da China e nesta terça-feira de Rússia, Brasil e, fundamentalmente, o dos Estados Unidos, que juntamente ao Japão é o país que tem mais votos no FMI, com 187 membros.

"O talento excepcional e a vasta experiência da ministra Lagarde darão uma direção incomparável a esta instituição, indispensável em um momento crítico para a economia mundial", explicou em um comunicado o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner.

O Brasil cumprimentou por sua vez o "reiterado compromisso (da ministra francesa) com a continuidade do processo de reformas do fundo".

O mais alto cargo do FMI ficou vago depois que em 18 de maio o francês Strauss Kahn renunciou, acusado de tentar estuprar uma camareira de um hotel de Nova York.

Historicamente, a competição pela direção do FMI se resumia a ratificar o candidato surgido de negociações entre europeus e avalizado pela Casa Branca.

Pela primeira vez, dois candidatos fizeram campanha no mundo inteiro. Ambos obtiveram elogios por suas competências.

"O Conselho de Administração concordou que ambos estavam bem qualificados e que o objetivo era eleger (o novo diretor-gerente) por consenso", explicou o texto oficial.

Na comparação com Carstens, "a grande vantagem de Christine Lagarde é a de representar uma continuidade na cooperação entre o fundo e a zona do euro", afirmou uma fonte próxima ao FMI sob anonimato.

A maior crise financeira na atualidade ocorre na Grécia, onde o fundo está muito comprometido em um plano de resgate junto aos países do euro.

"Se tenho uma mensagem a transmitir em relação à Grécia é um chamado à oposição política grega para que una em um acordo nacional ao partido que está atualmente no poder. O destino do país depende disso", explicou Lagarde em seu comunicado.

O desenvolvimento desta sucessão na direção do FMI decepcionou aqueles que esperavam uma mudança na instituição.

Na sexta-feira, em torno de 30 Organizações Não Governamentais (ONG) tinham manifestado seu mal-estar frente à "designação eminente de Lagarde" que segundo estas "põe em evidência a hipocrisia de um processo de seleção que nunca foi verdadeiramente justo, aberto, ou baseado no mérito".

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