Economia

Grécia vive um dia de greve e protestos contra o plano de ajuste

Agência France-Presse
postado em 28/06/2011 14:57
As forças de segurança dispararam bombas de gás lacrimogêneo contra um grupo de jovens que lhes lançava projéteisUma greve geral paralisava a Grécia nesta terça-feira (28/6) e milhares de pessoas participavam de protestos, marcados por incidentes em Atenas, contra o plano de austeridade em debate no Parlamento e exigido por UE e FMI para conceder o resgate financeiro ao país.

As forças de segurança dispararam bombas de gás lacrimogêneo contra um grupo de jovens que lhes lançava projéteis, na praça Syntagma, no centro da capital, à margem da manifestação sindical. Segundo a polícia, uma pessoa ficou ferida nos confrontos. Os manifestantes tinham se reunido pouco antes em Syntagma, aos gritos de "O projeto de lei não passará".

A polícia mobilizou cerca de 4.000 efetivos para escoltar as marchas, e o Parlamento estava rodeado por uma barreira e protegido por centenas de policiais antimotins. "Todos queremos que essa barreira caia hoje. Somos como os burros, quanto mais nos espancam, mais teimamos", disse à AFP um manifestante, Omiros, de 29 anos.

Os parlamentares davam andamento a seus debates, com o objetivo de votar o plano na quarta ou quinta-feira, sob a dupla pressão das ruas e de União Europeia (UE) e FMI, que condicionam a concessão da próxima parcela de ajuda para salvar o país da quebra à aprovação desse pacote de medidas. "Há momentos decisivos e as próximas horas serão decisivas (...) não apenas para o povo grego, mas também para a zona do euro e inclusive para a estabilidade da economia mundial", disse o presidente da UE, Herman Van Rompuy, diante do Parlamento europeu.

O comissário europeu para Assuntos Econômicos, Olli Rehn, tinha afirmado anteriormente em comunicado que "a única forma de evitar um default é a adoção pelo Parlamento (grego) de um programa econômico revisado".

Indignação
Nas ruas, a indignação era geral. Iamando, uma manifestante de 36 anos, denuncia as pressões: "não queremos o dinheiro da Europa. Deixem-nos em paz por favor", disse à AFP. "Os europeus nos dizem que nos abandonarão se o plano não for votado, mas já estamos quebrados. Chegar ao fundo nos permitirá voltar à superfície; esse plano não resolve nada", afirmou Anna Theodorou, uma secretária de 38 anos.

Trata-se da quarta greve geral do ano e a primeira de 48 horas (as outras foram de um dia), convocada pelas duas maiores centrais sindicais do país: GSEE (setor privado) e Adedy (funcionários públicos). Os manifestantes da praça podem ser confundidos com os "indignados" que acampam no local há um mês, sob a inspiração do movimento surgido em maio na Espanha.

Serviços paralisados
A greve paralisava os transportes públicos de Atenas, com exceção do metrô, cujos sindicatos decidiram manter em funcionamento para facilitar o acesso aos pontos de concentração. Muitos voos foram cancelados por conta da greve de controladores, os bancos estavam fechados e os cirurgiões dos hospitais reduziram o ritmo das intervenções. Em torno de 4.000 simpatizantes da Frente de Trabalhadores (sindicato Pame, pró-comunista) já tinham se instalado pela manhã na praça Syntagma.

Os grevistas rejeitam o programa de austeridade que prevê cortes de 28,6 bilhões de euros entre 2012 e 2015 e privatizações por um montante de 50 bilhões para reduzir a dívida pública. Tudo isso será feito mediante novas altas de impostos e a supressão de mais empregos na função pública.

A zona do euro e o FMI já aprovaram em maio do ano passado um resgate de 110 bilhões de euros. Mas, apesar dos esforços, a Grécia não conseguiu levantar-se e sua dívida já atinge 150% do PIB.

Na terça-feira, o governador do Banco Central da Grécia, George Provopoulos, criticou veladamente o governo, ao estimar que o plano do primeiro-ministro socialista Giorgos Papandreou insiste muito na alta dos impostos e pouco na redução dos gastos. pandreou pediu na segunda-feira para os legisladores aprovarem o plano para "que o país mantenha-se de pé". Tentava desse modo aglutinar a bancada governamental, que dispõe de uma curta maioria de 155 cadeiras de um total de 300.

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