Economia

Analistas consideram difícil continuidade do processo contra Strauss-Kahn

Agência France-Presse
postado em 02/07/2011 17:38
NOVA YORK - A justiça de Nova York concedeu na sexta-feira a liberdade a Dominique Strauss-Kahn, mas sem abandonar as acusações contra o ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), embora pareça difícil manter a denúncia, segundo especialistas americanos.

"Ainda há muitos capítulos a serem escritos sobre este caso extraordinário. Mas se as acusações forem abandonadas, isso vai comprovar que a justiça funciona. É melhor não continuar com um caso com pouco fundamento do que condenar um inocente", disse Jacob Frenkel, ex-procurador de Nova Orleans (sul dos EUA), à AFP.

"A credibilidade da suposta vítima foi questionada. Ela pode ter contado a verdade, mas é difícil imaginar um júri que condene Strauss-Kahn", afirmou Alex Reinert, professor de Direito Penal na Universidade Yeshiva de Nova York.

Acusado de crimes sexuais por uma camareira do hotel Sofitel de Manhattan, o ex-diretor-gerente do FMI foi colocado em liberdade sob palavra na sexta-feira pelo juiz Michael Obus, depois que a procuradoria reconheceu que a vítima cometeu erros ao relatar os fatos.

Enquanto aguarda o julgamento, Strauss-Kahn, de 62 anos, pode agora circular livremente nos Estados Unidos, mas sem sair do país, já que seu passaporte continua retido pelas autoridades americanas.

"Nunca vi algo parecido. É um dos dias mais extraordinários da história da justiça criminal dos Estados Unidos", afirmou Jeffrey Toobin, comentarista jurídico do canal CNN. "Acredito que este caso termine com uma demissão. É difícil imaginar um processo em que a principal testemunha apareça como uma grande mentirosa", acrescentou. "Se continuar o processo, esta mulher deve cair em contradição nos interrogatórios", concordou Jacob Frenkel.

Segundo o especialista, a acusação tem três possibilidades: continuar com as acusações com uma forte probabilidade de perder um processo no qual o júri nunca será unânime, continuar reduzindo a importância das acusações ou abandonar completamente o processo.

"Strauss-Kahn foi preso logo depois dos fatos, portanto não houve investigações suficientes. É algo pouco comum, mas como ele estava saindo do país, havia a necessidade de uma ação rápida da justiça", acrescentou.

Quanto a suposta vítima, as investigações devem ser ampliadas. "Se ficar comprovado que ela mentiu para a polícia, e principalmente ao júri popular, ela que deverá responder a um processo" explicou o professor Reinert.

Por sua vez, Dominique Strauss-Kahn também pode entrar com uma ação contra a cidade de Nova York por perdas e danos, concluiu o especialista.

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