Agência France-Presse
postado em 03/07/2011 17:06
Nova York - Depois que a justiça americana libertou sem fiança Dominique Strauss-Kahn, mas mantendo as acusações de crimes sexuais, a atenção se concentra na acusadora, que segundo o jornal New York Post aplicou um golpe no então diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional. Citando uma fonte não identificada próxima à defesa do ex-dirigente do FMI, o jornal afirma que a mulher se prostituía e que Strauss-Kahn se negou a pagá-la depois de uma relação sexual.A defesa do político francês nega veementemente qualquer discussão sobre pagamento de prostituição. "Não houve disputa entre as partes porque não se trata de uma questão de dinheiro", explicaram os advogados americanos em comunicado transmitido à AFP.
O favorito nas pesquisas presidenciais francesas de 2012 continua respondendo por sete acusações baseadas em tentativa de estupro e violência sexual, passíveis de até 74 anos de prisão. Sua próxima audiência está prevista para o dia 18 de julho. No entanto, as mentiras da acusadora reveladas pelo promotor Cyrus Vance deram uma reviravolta no caso. A mulher mentiu para conseguir asilo nos Estados Unidos em 2004, e também mentiu sobre o que ocorreu depois da suposta agressão sexual no quarto 2806 do hotel Sofitel de Nova York.
A mulher explicou que esperou no corredor o político sair do quarto e imediatamente informou sobre a suposta agressão. No entanto, depois admitiu que "havia arrumado outro quarto e voltou para a suíte 2806 e começou a limpá-la antes de informar sobre o incidente ao supervisor", escreveu Vance. Ela também fez uma declaração falsa sobre um segundo filho para enganar as autoridades fiscais, destaca o promotor. Tão rápido como condenaram Strauss-Khan, vários jornais americanos atacam agora a empregada do hotel, uma guineana de 32 anos cuja identidade é protegida pela justiça dos Estados Unidos.
A virada do caso começou quando os franceses começaram a questionar se não havia sido uma armação contra o mais provável candidato de esquerda à presidência. Michele Sabban, um dirigente do Partido Socialista francês, próximo de Strauss-Khan, perguntou sobre "a atitude da direção do Sofitel" após os supostos fatos.
O vice-presidente do grupo socialista na Assembleia Nacional, François Loncle, disse que "não está tudo claro" e questionou sobre as "conexões" do grupo francês Accor, proprietário da rede Sofitel. Accor negou "formalmente" no domingo qualquer intervenção de seus diretores no caso DSK.
O ex-diretor do FMI ainda está morando na casa do sul de Manhattan neste domingo, onde cumpriu prisão domiciliar durante seis semanas conforme decreto de um juiz de Nova York.
Desde a sexta-feira, a Justiça devolveu a liberdade de locomoção pelos EUA a Strauss-Khan, que não hesitou em sair com sua esposa, Anne Sinclair, apesar da presença de vários jornalistas.
Na tarde de sábado, o casal saiu em um carro preto. Perseguidos por jornalistas, numa manobra evasiva entraram em um estacionamento subterrâneo, cujas portas se fecharam imediatamente depois, e deixaram o lugar por outra saída, despistando todos.
Ambos foram ao Museu de Arte Moderna (MoMa), no centro de Manhattan, onde dividiram uma mesa no café do quinto andar. "Pareciam muito felizes", disse o tablóide New York Post citando um empregado do museu.
Na volta para a casa de TriBeCa, receberam a visita do casal com quem haviam jantado na noite anterior num restaurante italiano.