postado em 04/07/2011 08:43
Belo Horizonte ; Quando a agente da imigração do Aeroporto de Miami disparou, em bom português, um ;bom-dia!”, caiu a ficha do corretor de seguros Flávio Almeida, de Belo Horizonte. Acostumado, em outros tempos a ser recebido em inglês ou, no máximo, em espanhol, Almeida entendeu, ali, que brasileiros, mais que welcome, eram ;bem-vindos; mesmo. A confirmação veio no banco, quando viu seu novo apartamento de US$ 380 mil (R$ 608 mil) em Aventura, badalado distrito de Miami, ser financiado a taxa de juros de 5% anuais (0,42% ao mês). ;É condição exclusiva para quem mora no Brasil e quer ter segunda residência lá. Curioso é que, para os norte-americanos mesmo, eles não financiam assim;, conta.[SAIBAMAIS]Almeida vendeu o apartamento que tinha, em Fort Lauderdale, ao Norte de Miami, por US$ 180 mil e comprou o novo imóvel, bem próximo a um dos centros de compras mais visados por brasileiros na cidade, o Aventura Mall, complexo com mais de 300 lojas, que recebe 24 milhões de visitantes por ano. ;Já vi brasileiro voltando para casa com sete malas, pagando, feliz, o excesso de bagagem;, diz. Almeida tem oito vizinhos brasileiros, a maioria mantém o endereço como casa de veraneio. O dólar baixo e a queda nos preços tornaram impossível, segundo ele, resistir às ofertas: ;Os imóveis estão até 70% mais baratos que o preço de mercado há dois anos. E isso vale para diferentes faixas de preço;.
O lado que não merece comemoração nessa história, segundo Fabiana Pimenta, corretora da Fortune International Realty, uma das maiores imobiliárias de Miami, é que vários dos brasileiros que têm procurado a sua empresa estão tirando proveito das oportunidades do mercado norte-americano para fugir da violência no Brasil. ;Eles querem a segurança e a tranquilidade que não encontram no país em que nasceram;, comenta a corretora, que não tem mais espaço na agenda para os demais clientes estrangeiros e norte-americanos devido à demanda dos brasileiros.
Ela também destaca o fato de, além das pechinchas, os brasileiros estarem sendo atraídos para Miami pelas condições cada vez melhores dos financiamentos para os estrangeiros. ;O crédito está mais fácil hoje em dia. A maioria consegue aprovação dando 35% do valor do imóvel como entrada e comprovando renda no Brasil;, comenta Fabiana. Ela tem trabalhado com vários bancos, como HSBC, Citibank, JPMorgan Chase, Safra, San State (Sofisa) e Espírito Santo. As taxas de juros giram em torno de 5,5% ao ano. No Brasil, a classe média só consegue financiamento para imóveis, que estão caríssimos, a juros de 9,5% a 12% ao ano, além da TR (Taxa Referencial de Juros).
(Colaborou Rosana Hessel)