Economia

Banco Central entra três vezes nas operações de câmbio para segurar o dólar

postado em 09/07/2011 08:00
Rumos da divisa dos EUA na próxima semana vão depender da decisão sobre limite de endividamento daquele paísO Banco Central decidiu enfrentar uma artilharia sem precedentes no mercado de câmbio, no qual as apostas de investidores estrangeiros (US$ 24 bilhões) e de bancos (US$ 14,6 bilhões) na queda do dólar totalizam US$ 38,6 bilhões. A autoridade monetária interveio ontem três vezes nas operações, uma delas, sem avisar, indicando que a previsibilidade nas suas atuações está chegando ao fim. A determinação do BC em agir está baseada no temor de que os preços da moeda norte-americana rompam, nos próximos dias, o piso de R$ 1,50, o que será um desastre para as exportações brasileiras.

Pelo menos na sexta-feira, a instituição comandada por Alexandre Tombini conseguiu bons resultados. O dólar se afastou das mínimas dos últimos 12 anos e registrou alta de 0,51%, cotado a R$ 1,565 para venda ; na semana, a valorização chegou a 0,45%. A moeda norte-americana, por sinal, valorizou-se 0,28% em relação a uma cesta de divisas, apesar dos péssimos resultados do mercado de trabalho nos Estados Unidos. O desemprego por lá atingiu 9,2%, comprometendo as chances de reeleição do presidente Barack Obama (leia mais na página 20).

Segundo analistas, desde o início de março, o Banco Central não entrava tão pesado nas operações. Tanto que retomou os leilões de swap cambial reverso, em que aposta na valorização do dólar e o mercado, nas taxas de juros. Os contratos foram vendidos sem o objetivo de renovação nas datas de vencimento, ao contrário das intervenções anteriores, nas quais o único objetivo era rolar os papéis. Além dessa operação, que funciona como uma compra de dólares no mercado futuro, o BC fez dois leilões para arrematar divisas no mercado à vista.

Apesar da pressão, o BC não aceitou pagar a taxa de juros de 3,2% pedida pelos investidores para os contratos de swap. Fechou negócios com encargos de 2,8%. ;Se a autoridade monetária concordar em pagar qualquer taxa, com certeza, nos próximos leilões de swap o mercado abusará;, disse um operador de uma das corretoras mais ativas no mercado. ;Essa postura mais firme é importante, pois há uma percepção de que o BC está perdendo a guerra no câmbio;, acrescentou.

Na avaliação dos analistas, os rumos do dólar na próxima semana dependerão do resultado da reunião de amanhã entre Obama e parlamentares norte-americanos sobre o aumento do limite da dívida dos EUA. O prazo para que o teto do endividamento do país, de US$ 14,3 trilhões, seja elevado e o país não entre em moratória é 2 de agosto. ;Se entrarem em um acordo, o mercado pode ser diferente na segunda-feira;, afirmou Alfredo Barbutti, economista da BGC Liquidez.

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