Economia

Mensalidades dos planos de saúde sobem mais do que a inflação

postado em 09/07/2011 08:00
Apesar do péssimo atendimento, a dona de casa Tereza Gi paga R$ 1,2 mil por mês pelo convênio por total falta de opçãoOs consumidores que dependem de planos de saúde devem preparar o bolso. As mensalidades ficarão 7,69% mais caras, apesar dos péssimos serviços prestados atualmente. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o reajuste supera a inflação de 6,51% acumulada entre maio de 2010 e abril deste e será válido para planos individuais ou familiares contratados a partir de 1999 ou adaptados à Lei n; 9.656/98 (que regulamentou os contratos anteriores a esse período). Os novos valores serão pagos por 8 milhões de usuários (17% do total de conveniados). Desde 2000, os planos acumulam aumento de 154,85%, superando em 16,7% a variação no mesmo período do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Como houve demora por parte do Ministério da Fazenda para autorizar a correção das mensalidades, o aumento será retroativo a maio. Mas, por determinação do governo, os boletos com vencimento até julho virão com os valores atuais. A diferença referente aos reajustes será diluída entre agosto e outubro. Portanto, ao receberem as faturas, os consumidores devem checar todos os valores para não caírem em armadilhas. ;Sempre é bom tomar cuidado com os planos. As empresas não perdoam e sempre estão dispostas a tirar dinheiro extra da clientela;, disse um técnico da ANS.

As queixas contra os planos, por sinal, são enormes, a começar pelas dificuldades em conseguir atendimento médico com rapidez. Por isso, o anúncio do reajuste causou revolta entre os usuários. ;Está difícil suportar as empresas. Além do péssimo atendimento, elas não consultam os pacientes para saber se eles querem continuar ou não após o aumento das mensalidades. Apenas mandam a fatura, sem qualquer explicação;, reclamou a vendedora Myrtha Tolentino, 52 anos. O balconista Deyvidson Soares, 27, que estava acompanhando Myrtha, também não ficou nada satisfeito. ;Não dá para concordar com a mensalidade mais cara, diante da atual qualidade dos serviços. Não é justo;, protestou.

A falta de compromisso das operadoras em melhorar a rede de atendimento é o que mais tem frustrado os pacientes. ;Por várias vezes, tentei marcar uma consulta de urgência, mas só consegui vaga com um mês de atraso. O serviço deixa muito a desejar, nunca somos atendidos na hora;, relatou a estudante Luciana Ferreira, 33. Para a dona de casa Tereza Gi, 62, o que mais assusta é o fato de não haver alternativa aos planos, pois o sistema público de saúde está falido. ;Pago R$ 1,2 mil por mês pelo convênio. Mas se fosse arcar com todos os exames e médicos, ficaria ainda mais caro;, afirmou.

Os médicos, que, teoricamente, poderiam ser beneficiados com o reajuste, também o criticaram. ;Diante do que vimos nos últimos anos, não temos falsas expectativas em relação à postura das operadoras ou da ANS;, explicou Carlos Vital, vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM). Por causa dos repasses pífios dos planos aos profissionais de saúde, muitos estão abandonando as operadoras. ;Estamos assistindo médicos e pacientes sendo prejudicados;, afirmou.

Para a coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), Maria Inês Dolci, o reajuste autorizado pela ANS pune, principalmente, os conveniados. ;Além de ser acima da inflação, o anúncio veio com dois meses de atraso, de forma a levar os consumidores a arcarem com cobranças retroativas;, ressaltou. A seu ver, passou da hora de o governo criar um índice que, com base na variação de custos das operadoras, seja usado para definir as correções das mensalidades. ;Sem um índice padrão, fica difícil mensurar se o percentual definido pela ANS é bom ou ruim, porque não se sabem quais os critérios que foram usados;,
acrescentou.

Desconto de até R$ 137,50 no IR
Os contribuintes que pagam planos ou seguro-saúde para empregadas domésticas poderão ter abatimento entre R$ 37,50 e R$137,50 na declaração do Imposto de Renda, de acordo com a faixa de renda do cidadão. A Câmara dos Deputados aprovou medida provisória que permite a dedução de até R$ 500 por ano na declaração. O projeto será analisado pelo Senado e, depois, seguirá para a aprovação da presidente Dilma Rousseff. A ideia é que o incentivo fiscal estimule a formalização no mercado de trabalho. Mas, de acordo com especialistas, o teto estabelecido ainda é pequeno para que os patrões regularizem as condições de seus funcionários.

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