Economia

Ascensão de brasileiros eleva a procura por previdência complementar

Vera Batista
postado em 10/07/2011 20:05
Limitação dos benefícios do INSS é o principal estímulo para o aquecimento do mercado privado
Desanimada com os baixos valores das aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a nova classe média está se dando conta de que é melhor garantir o futuro por meio dos planos de previdência complementar. Com o aumento do emprego e da renda, a demanda cresceu tanto que o valor médio das prestações caiu a menos da metade. O pagamento mensal despencou de R$ 120 para R$ 50, em média. Além da prosperidade, a consciência da necessidade de um pé-de-meia para o futuro estimulou a redução da idade dos segurados. Agora, boa parte dos que ingressam no sistema estão na faixa dos 30 anos. Antes, a média era de 37 anos.

Para Lúcio Flávio Conduru de Oliveira, diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência, vários fatores contribuíram na decisão do brasileiro, como a moeda estável, o aumento da expectativa de vida e a consciência das vantagens de um investimento a longo prazo. Foi nesse cenário que as vendas de planos de previdência privada tiveram, neste ano, o melhor maio desde 2004 e bateram a marca de R$ 4,7 bilhões arrecadados ; uma alta de 47,34% ante os R$ 3,1 bilhões faturados pelas seguradoras no mesmo mês de 2010. Planos para menores de idade, que ajudam a reduzir o valor médio das contribuições, tiveram incremento de 18,99%, com aportes de R$ 665 milhões.

Nessa onda, a Bradesco Previdência bateu recordes de captação. Na comparação de maio contra maio, a receita total da seguradora cresceu 74,2% em 2010 e atingiu R$ 1,78 bilhão. Dados de junho indicam que o incremento no mês foi acima de 70%. ;A tendência é de resultados positivos nos próximos cinco anos, não apenas pelo aumento da renda e do emprego, mas por influência de eventos como Copa do Mundo, Olimpíadas e pré-sal;, diz Oliveira.

Preferidos
A preferência do público de classe C foi responsável pela expansão de 56,1% do plano Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), modalidade que permite ao contribuinte declarar o valor no Imposto de Renda anual pelo formulário simplificado. De janeiro a maio, a carteira do VGBL teve alta de 30,59%, passando de R$ 104,8 bilhões para R$ 136,8 bilhões. Os planos de previdência complementar tornaram-se os preferidos das classes menos abastadas, porque têm IR regressivo (podem ter redução de alíquota com o tempo) e não descontam Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que, em alguns casos, pode chegar a 6,38% sobre o lucro das seguradoras.

;Por isso, o número de contratos ampliou para 10,7 milhões, com alta de 4,93%, em maio. Um total de 100,9 mil pessoas usufruem de benefícios. A carteira de investimentos totaliza R$ 241,3 bilhões, com aumento de 23,20% em relação a maio de 2010;, informa Marco Antonio Rossi, presidente da Fenaprevi.

Criado há cerca de 10 anos, ;o VGBL tem atraído os brasileiros de renda mais baixa, com perspectiva de longo prazo e que precisam de tempo e disciplina;, assinala Osvaldo do Nascimento, responsável pela área de Operações de Produtos de Investimento Pessoa Física e Previdência do Itaú Unibanco.

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