postado em 12/07/2011 07:34
A semana começou dominada pelo pânico nos mercados financeiros diante da possibilidade de a crise que solapou a Grécia engolir a Itália e de os Estados Unidos decretarem o calote em sua dívida. Desde cedo, os investidores não escondiam o temor de um terremoto maior do que o que varreu o mundo em setembro de 2008, quando ruiu o quarto maior banco norte-americano, o Lehman Brothers. O resultado foram perdas em todo o globo, que devem se acentuar nos próximos dias caso as autoridades da Zona do Euro não afastem os riscos de mais economias da região irem para o buraco e o presidente dos EUA, Barack Obama, não consiga aprovar no Congresso o aumento do endividamento do país, atualmente de US$ 14,3 trilhões.No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM) desabou 2,1% ; o segundo maior tombo ano ;, para os 60.223 pontos, o menor nível desde 26 de maio de 2010. Com isso, as perdas acumuladas no mês pelo pregão paulista já chegam a 3,49% e no ano, a 13,1%. Ontem, apenas nove papéis computaram valorização. Na Bolsa de Milão, a principal da Itália, o tombo foi de 3,9%. Em Lisboa, Portugal, a queda chegou a 4,3% e, em
Madri, a 2,7%. Nos EUA, a Bolsa de Nova York cedeu 1,2% e a Nasdaq, o mercado eletrônico, 2%. ;Há muito tempo não víamos um dia tão complicado, com tanta incerteza no meio do caminho;, disse um respeitado operador de um banco estrangeiro.
O pânico foi detonado por uma reunião entre ministros de Finanças da Zona do Euro com o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, e o comandante da Comissão Europeia, José Manuel Barroso. Na avaliação dos investidores, o encontro teria como objetivo salvar a Itália do colapso. A terceira maior economia da região havia ganhado os holofotes na sexta-feira passada, com os rumores de que seu ministro das Finanças, Giulio Tremonti, estaria perto de renunciar depois de ser criticado pelo premiê Silvio Berlusconi. Com a terceira maior dívida pública do mundo, de 1,6 trilhão de euros, a Itália teve o seu plano de austeridade fiscal questionado pelo agência de classificação de risco Moody;s.
Mais promessas
A Itália seria, porém, a ponta do um iceberg, pois, segundo os investidores, a Espanha também está a um passo de pedir socorro. Não à toa, todos estão implorando para que as autoridades europeias aprovem o segundo pacote de ajuda à Grécia ainda nesta semana sem o anúncio da renegociação das dívidas daquele país. Para os analistas, mesmo que os governos e os bancos digam que tudo foi feito de forma negociada, a reestruturação dos débitos gregos será vista como um calote. ;Estamos em um dos piores momentos da crise monetária europeia. A ideia do contágio da crise grega a outros países da Zona do Euro ganha importância;, afirmou Jean-François Robin, analista da Natixis, especializada em negócios com títulos de dívida.
Ele ressaltou que, ao mesmo tempo em que as bolsas derreteram, as taxas de juros cobradas nas operações com papéis de governo dispararam. Na Itália e na Espanha, os encargos dos bônus de longo prazo alcançaram os níveis mais elevados desde a criação da Zona do Euro. As taxas dos títulos espanhóis de 10 anos subiram para 6% anuais e os juros dos italianos, para 5,45%. Com isso, o euro, a moeda única da região, caiu abaixo de 1,40 dólar, estabelecendo um novo piso desde maio.
[SAIBAMAIS]Diante de tanta desconfiança, os ministros da Zona do Euro disseram estar prontos para ampliar o fundo de resgate à região, hoje com capacidade de 440 bilhões de euros. Segundo o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, ;os ministros reiteraram sua vontade absoluta de preservar a estabilidade financeira na Zona Euro;. Para ele, as nações da Zona do Euro estão absolutamente comprometidas em garantir a estabilidade. ;E medidas em breve virão;, garantiu.
Pacote de 85 bilhões de euros
A Europa está analisando um corte nas taxas de juros cobradas da Grécia. Segundo autoridades da Zona do Euro, os ministros estão prontos para adotar medidas adicionais para melhorar a capacidade da região de resistir a um risco de contágio à crise. A Grécia já recebeu um socorro de 110 bilhões de euro e a expectativa é de que mais 85 bilhões sejam liberados ao país pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).