Atenas - Após 18 meses de uma corrida contra o relógio, a Grécia, preocupada com a magnitude da sua recessão e com os seus credores, se encaminha para a categoria de países com suspensão parcial de pagamentos, uma situação inédita na Zona do Euro.
Esta semana, alguns países europeus sócios e credores da Grécia romperam o tabu e deixaram escapar que a opção de uma "suspensão parcial de pagamentos" da dívida de 350 bilhões de euros (150% do PIB) não havia sido descartada. Oficialmente, Atenas disse que não deixará de pagar parte da sua dívida, já que uma suspensão total nos pagamentos geraria um "terremoto" na Zona do Euro.
As soluções buscadas com urgência para implementar um segundo pacote de ajuda à Grécia, e que envolve credores privados, podem ser consideradas pelas agências de classificação como um "acontecimento de crédito". Isso significa, no jargão da economia, que o país passaria a ser enquadrado em uma categoria de default parcial.
A cúpula extraordinária da Zona do Euro, que será realizada em 21 de julho, deve esclarecer as modalidades do segundo plano internacional de ajuda à Grécia. "Não se pode confundir a avaliação de uma agência de classificação financeira com um fato econômico real", se apressou a esclarecer Evangelos Venizelos, ministro grego das Finanças, antecipando uma possível classificação do país na categoria de default parcial. "O termo ;default parcial; assusta, mas não há razão para isto", garantiu.
Há mais de um ano inúmeros analistas do mercado, "gurus" de Wall Street ou da imprensa econômica de Londres, dizem que a Grécia não poderá se salvar apesar da ajuda financeira da Zona do Euro e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Atenas se defende afirmando que tais analistas são especuladores, atraídos pelos grandes lucros dos CDS, seguros contra as suspensões dos pagamentos.
O primeiro-ministro Giorgos Papandreou tenta explicar há meses aos demais governos europeus, em geral conservadores, que uma suspensão dos pagamentos deve ser evitada e a crise da dívida e do euro, resolvida com o lançamento de euro-obrigações. A esquerda radical, no entanto, aposta na suspensão dos pagamentos. "Não há dúvidas. A Grécia entrará em default", afirmou à AFP Costas Lapavitsas, professor de Economia da Universidade de Londres, partidário de uma suspensão unilateral dos pagamentos em nome da defesa do povo contra a hegemonia dos mercados.