Agência France-Presse
postado em 19/07/2011 11:45
Recompra da dívida grega, juros aos bancos, reescalonamento, todas as opções estão sobre a mesa para definir um novo plano de ajuda para a Grécia antes da cúpula de quinta-feira, na qual a zona do euro deve tomar uma decisão que evite o contágio da crise da dívida. As negociações prosseguiam nesta terça-feira: uma reunião de funcionários de alto nível da zona do euro ocorria em Bruxelas."As soluções radicais (intervenção massiva do BCE ou mutualização dos riscos com emissão de eurobônus) estão excluídas, a não ser que apareça uma grande surpresa", estima Bruno Cavalier, economista-chefe da Oddo Securities. A questão da falta de pagamento ou não da Grécia segue no centro do debate anterior à cúpula de líderes da União Monetária de quinta-feira, segundo fontes próximas às discussões.
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, lembrou novamente nesta terça-feira em uma entrevista ao jornal eslovaco Hospodarske Noviny que "deve ser evitado um acontecimento de crédito, uma falta de pagamento da dívida, seletiva ou não". "Quem pode considerar que a falta de pagamento por um país soberano, no contexto da crise europeia e global das finanças públicas, seja uma boa solução?", perguntou-se Trichet, antes de instar os governos da eurozona a "encontrar soluções apropriadas o quanto antes".
Da mesma opinião é o ministro francês das Finanças, François Baroin, que deixou claro na segunda-feira em Washington que seu país não apoiará uma solução que passe por um "acontecimento de crédito" de Atenas. A maioria das opções contempladas que envolvem a participação de credores privados da Grécia, como a Alemanha exige desde o início por razões políticas, suporiam de fato um "acontecimento de crédito", um "default" ou a falta de pagamento parcial de sua dívida pela Grécia.
O reescalonamento da dívida grega iria impor aos credores uma mudança nos vencimentos dos reembolsos, o que seria castigado pelas agências de classificação. Já a recompra da dívida grega, também em discussão, poderia não supor um "default" se a Grécia realizar ela mesma a operação com a ajuda de empréstimos europeus. A vantagem é que o custo da dívida grega nos mercados é muito baixo atualmente e poderia permitir reduzir o volume global de endividamento do país. Mas se o Fundo Europeu de Ajuda (FESF) comprasse os títulos gregos, haveria um risco de "default" parcial. A terceira opção contemplada é a criação de uma taxa bancária especial na zona do euro.
Esta solução "teria a vantagem de não intervir diretamente nos bancos e, portanto, de potencialmente não criar um ;default;" da Grécia, que apresentaria riscos de contágio, explicou na segunda-feira o ministro francês das Relações Exteriores, Jean Leonetti.