Economia

Com apoio de bancos, Zona do euro fecha acordo para conter crise grega

Agência France-Presse
postado em 21/07/2011 17:44
O prazo para o reembolso da dívida foi ampliado para entre 15 e 30 anos e os juros, reduzidos a 3,5%A zona do euro chegou hoje a um acordo para reduzir o volume da dívida pública da Grécia e proteger os demais países da região, principalmente Itália e Espanha, de um possível contágio da crise. Reunidos em uma cúpula de emergência em Bruxelas, os governantes dos 17 membros da união monetária e o Fundo Monetário Internacional (FMI) decidiram conceder à Grécia um novo empréstimo no valor de 109 bilhões de euros (R$ 242 bilhões) com condições facilitadas.

O prazo para o reembolso da dívida foi ampliado para entre 15 e 30 anos e os juros, reduzidos a 3,5%, comparados com os 7,5 anos e 4,5% de juros impostos para o pacote de resgate anterior concedido à Grécia, de 110 bilhões de euros, aprovado em maio de 2010.

O setor financeiro foi convidado a contribuir com o plano mediante três opções: revender seus títulos do Estado grego por um preço inferior ao adquirido, trocar os títulos que possui por outros com maior prazo de vencimento (de até 30 anos), ou voltar a comprar os títulos que possui conforme estes vençam. Assim, segundo o presidente francês, Nicolas Sarkozy, seria possível reduzir em até 135 bilhões de euros, nos próximos 30 anos, o valor total da dívida grega, que se aproxima dos 150% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Mas as agências de classificação de risco já alertaram que considerarão a prática como uma espécie de moratória.

Para evitar que isso gere mais turbulência nos mercados europeus, os países do euro decidiram que o Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira - o fundo de resgate temporal do bloco - garantirá os títulos de dívida grega durante o período em que durar essa moratória, que não deverá passar de "alguns dias", segundo afirmam no documento de conclusões da reunião.

[SAIBAMAIS]O plano prevê ainda a promessa de uma espécie de Plano Marshall de recuperação para Grécia, cujos detalhes ainda deverão ser elaborados pela Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia. A ideia é antecipar a liberação dos fundos europeus aos que a Grécia tem direito e proporcionar assistência técnica às autoridades gregas para assegurar que o dinheiro será investido de maneira eficiente para criar empregos e estimular o crescimento econômico.

Ao mesmo tempo, para blindar o resto da zona do euro diante de uma possível expansão da crise, o Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira ganhará mais flexibilidade para comprar no mercado secundário títulos da dívida pública dos países da zona do euro que enfrentem dificuldades. Também poderá conceder linhas de crédito preventivas para conter o aumento do custo de financiamento dos países visados pela especulação dos mercados, como ocorre atualmente com Itália e Espanha.

Para Raoul Ruparel, economista-chefe do instituto de análise Open Europe, especializado em União Europeia, o acordo alcançado nesta quinta-feira só servirá para reduzir temporariamente a pressão sobre a Grécia e falha ao não tratar a origem dos problemas de solvência do país. "Um segundo resgate e a ampliação do Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira podem oferecer um estímulo à liquidez, mas, no final das contas, transferirá o risco do setor privado às instituições financiadas pelos contribuintes", afirmou.

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