postado em 23/07/2011 08:00
A cor da pele ou a raça é determinante no cotidiano das pessoas, principalmente quando o assunto é trabalho. Essa é a percepção dos brasileiros apontada por pesquisada divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ambiente do trabalho, o reconhecimento que existe discriminação é bem maior. Foi o que admitiram 71% dos entrevistados, total maior do que aqueles que consideram que a cor da pele faz diferença no convívio social (65%) e na relação com a polícia e o sistema judiciário (68,3%). O Distrito Federal foi destaque na pesquisa, ao apresentar os maiores percentuais entre as pessoas que reconheceram a existência de racismo em todas as esferas abordadas, exceto relações matrimoniais.O DF apresentou o segundo menor percentual de pessoas que se declaram brancas (29%), frente à média geral de 49% e atrás do Amazonas, com apenas 16,2%. No DF, 41,1% consideram-se negros, pardos ou pretos, conforme a classificação apresentada pelo IBGE na entrevista ; percentual maior do que a média geral do levantamento, de 22,7% e dos 24,7% verificados em São Paulo. Segundo o IBGE, 9,14% das pessoas das seis unidades pesquisadas disseram ser negras ou pretas ; no DF, foram 11,6%. As demais disseram ser morenas (21,7%, no total geral, e 21,1%, no DF).
A técnica do IBGE Bárbara Cobo Soares afirmou que não é possível dizer que a maioria da população do DF tem preconceito racial, pois a pesquisa não abordou diretamente a questão. O antropólogo e professor da Universidade Brasília (UnB) José Jorge de Carvalho discorda: ;Se a maioria dos entrevistados do DF percebe que a cor da pele faz diferença no dia a dia, é sinal de que a discriminação racial é na mesma proporção;.
A artesã Esmeralda Reis conhece bem o que é o preconceito racial. Apesar da pouca idade, sua neta de 9 anos, também negra, já sofreu discriminação na escola onde estuda. ;Ela fez uma trança linda, toda colorida, no cabeleireiro. No primeiro dia em que apareceu com ela, um menino de sua turma disse a ela que não tinha cabelos suficientes para usar esse penteado e arrancou sua trança;, lamenta. ;Já aprendi a levar esse tipo de ocorrência, desde que não seja muito grave. Se formos combater todas as ocasiões, não vamos fazer mais nada da vida;, afirma.
De acordo com o levantamento, as mulheres foram as que mais reconheceram a existência da discriminação racial: 66,8% delas frente a 60,2% dos homens. Ao se verificar as faixas de idade, constata-se que a cor da pele conta mais entre as pessoas de 15 a 39 anos, na média geral. No Distrito Federal, o destaque é do grupo de pessoas entre 40 e 59 anos, com 79,5% admitindo a influência da cor da pele no cotidiano.