Economia

Após ruptura com presidente da Câmara, Obama diz que pode assumir dívida

postado em 23/07/2011 11:59
Washington ; A recusa do presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, o republicano John Boehner, em negociar com o presidente norte-americano, Barack Obama, a elevação do teto da dívida do país, atualmente em US$ 14,3 trilhões, pode levar os Estados Unidos para o default (moratória). O rompimento entre a Casa Branca e o Congresso ocorreu ontem, a 11 dias do prazo final para um acordo. Em uma disputa com clima eleitoral, Obama admitiu estar disposto a assumir sozinho a responsabilidade por um endividamento maior até 2013. Ele expressou pesar quanto à estratégia do adversário político. ;Difícil entender por que Boehner rejeitaria esse tipo de acordo;, disse.

Em carta para colegas do Congresso, o presidente da Câmara disse que ele e Obama não conseguiram chegar a um acordo sobre um pacote de redução do deficit porque os dois tinham ;visões diferentes para o país;. Uma profunda divisão sobre um possível aumento da receita com a elevação de impostos estava no centro do impasse. Os republicanos dariam seu apoio desde que a Casa Branca aceitasse cortar até US$ 3 trilhões em gastos públicos. Obama ofereceu a redução de US$ 1 trilhão em despesas e mais US$ 650 milhões em programas do governo, além da promessa de uma arrecadação extra de US$ 1,2 trilhão ; oferta que o presidente norte-americano definiu como ;extraordinariamente justa;.

Sem tempo
Mesmo sem o apoio de Boehner, uma nova tentativa de acordo será capitaneada hoje pela Casa Branca. Antes do rompimento com a oposição, Obama chegou a dizer que estava preparado para fazer ;escolhas difíceis;, a fim de evitar que o país entrasse em moratória. ;Estou propenso a assinar um plano que inclui escolhas difíceis, algo que não faria normalmente;, afirmou.

Um default sem precedentes no país pode levar os Estados Unidos de volta à recessão e provocar um caos financeiro global. O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, reuniu-se com o presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano), Ben Bernanke, e com o presidente do Fed de Nova York, William Dudley, para discutir as implicações de um fracasso do Congresso em elevar o teto da dívida. Eles se disseram confiantes de que o Congresso agirá a tempo.

;Se as duras negociações não forem revertidas nos próximos dias, esta desagregação será altamente prejudicial para a saúde já frágil tanto dos EUA quanto das economias globais;, alertou Mohamed El-Erian, co-vice-presidente de investimento da Pacific Investment Management, que gerencia mais de US$ 1,2 trilhão em ativos no país.

A esperança em Washington é de que o pacote costurado na última hora seja suficiente para salvar o rating ;AAA; dos Estados Unidos. Agências de classificação de risco ameaçaram baixar a nota dos bônus norte-americanos na ausência de um amplo acordo com a oposição. Ontem, o Senado, de maioria democrata, rejeitou por 51 votos a 46 o projeto de lei republicano que implicaria forte redução de gastos e um orçamento equilibrado, mesmo sem o aumento de impostos.

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