Economia

Democratas e republicanos não chegam a acordo para elevar o teto da dívida

postado em 25/07/2011 09:07
Washington ; O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, teve exaustivas reuniões com os líderes do Congresso no sábado e no domingo em busca de um acordo que permitisse a elevação do teto da meta do governo. Mas o esforço concentrado foi em vão. Os argumentos a favor do entendimento que evitaria um inédito calote nos títulos públicos do país, com consequências imprevisíveis, não foram suficientes para dobrar a resistência do presidente da Câmara dos Deputados, o republicano John Boehner. O maior temor da equipe econômica era, na reabertura dos mercados hoje, uma reação negativa dos investidores a mais um fracasso em torno dos rumos da política fiscal norte-americana.

;Nós devemos ter alguns dias difíceis à frente, estressantes para os mercados do mundo e para o povo norte-americano. No fim, não há dúvida na minha mente: o governo não vai decretar a moratória;, disse o chefe do gabinete da Casa Branca, Bill Daley, ao programa Meet the Press, da rede de televisão NBC. Os líderes políticos do país têm pouco mais de uma semana para alcançar um acordo antes do fatídico 2 de agosto. Depois dessa data, o Tesouro não terá dinheiro para honrar compromissos básicos, como aposentadorias e salários dos servidores públicos e precisará fechar vários serviços básicos. Em último caso, será obrigado a suspender o pagamento da dívida.

Falando com o consentimento de Obama, Daley disse que o governo pode discutir um processo em duas etapas, com o estabelecimento de um teto provisório ; o atual, de US$ 14,3 trilhões, se esgotou em maio. De qualquer maneira, a Casa Branca quer que a solução dure pelo menos até o início do próximo mandato presidencial, em janeiro de 2013. O objetivo seria evitar ;esse debate ridículo em torno do endividamento; até as eleições em novembro do ano que vem, afirmou Daley. Os democratas acreditam que a resistência da oposição reside justamente no fato de Obama ser o favorito no pleito, em especial porque o Partido Republicano ainda não apresentou nenhum candidato viável.

Duas etapas

O maior entrave a um acordo tem sido John Boehner, que vem cumprindo à risca sua promessa política. Ao tomar posse na Presidência da Câmara, ele afirmou que sua maior missão seria ;infernizar; a vida de Obama. Ontem, ele e o líder democrata no Senado, Harry Reid, preparavam planos separados para apresentar ao Congresso. Parlamentares republicanos garantiram que o projeto de Boehner envolveria uma elevação temporária no teto da dívida combinada com um corte de gastos de US$ 1 trilhão. Novas reduções de despesas ficariam engatilhadas para um segundo momento. ;O caminho preferível seria um plano bipartidário, mas é muito cedo para dizer se isso será possível;, disse o deputado.

Se um acordo não se mostrar factível, os republicanos estão determinados a pôr em votação sua segunda proposta nas últimas semanas ; a primeira foi aprovada na Câmara, onde o partido tem maioria, mas rejeitada no Senado, dominado pelos democratas. O projeto de Reid eleva o teto da dívida em US$ 2,4 trilhões até o fim de 2012 e corta despesas em US$ 2,5 trilhões. Nenhum das duas propostas conta com o entusiasmo de Obama, que quer viabilizar parte do esforço fiscal com o aumento de impostos sobre as camadas mais ricas da população.

O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, tentou afastar ontem a hipótese de um calote, que levaria a um imediato rebaixamento na classificação de risco dos Estados Unidos. ;A coisa mais importante é remover a ameaça de moratória nos próximos 18 meses. Seria irresponsável deixá-la pairando sobre a economia dos Estados Unidos;, disse em entrevista à rede de televisão CNN. Segundo ele, a proposta de elevar o teto da dívida em duas etapas não tem votos suficientes para passar no Congresso. As agências de rating podem diminuir a nota do país mesmo com um acordo, dependendo dos seus termos.

Agência de aviação dispensa 4 mil
Cerca de 4 mil funcionários da aviação civil se encontram em situação de ;desemprego técnico; a partir de hoje nos Estados Unidos. A Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) não obteve autorização no Congresso para vários programas de infraestrutura. Por isso, teve que dispensar os empregados, que manterão o vínculo, mas ficarão sem receber salários. O problema reflete a dificuldade entre democratas e republicanos em chegar a um acordo sobre o corte de gastos públicos e a ampliação do teto da dívida. Segundo fontes da FAA, a medida não afetará o tráfico aéreo. Além dos cortes, a FAA ficará impedida de cobrar as taxas aeroportuárias das companhias aéreas (7,5% dos preços das passagens e US$ 3,50 sobre cada voo).

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