Agência France-Presse
postado em 29/07/2011 19:27
Washington - O presidente Barack Obama exortou o Congresso a selar um compromisso para evitar um default dos Estados Unidos na terça-feira, ante a ausência de avanços nas negociações e num momento em que o país registra um fraco crescimento econômico. O presidente admitiu que "já não resta muito tempo", convocando os americanos a manter a pressão sobre o Congresso para que encontrem uma solução rápida para a crise atual.O presidente convocou seus aliados democratas e adversários republicanos a encontrar uma solução: "não é uma situação na qual as duas partes estejam a quilômetros de distância", estimou. "Agora está claro que qualquer solução para evitar o default deve ser bipartidária. Deve ter o apoio de ambos os partidos que foram enviados aqui para representar o povo americano. Não apenas uma parte", afirmou.
Se antes de 2 de agosto não for enviado à Casa Branca um projeto de lei para elevar o teto da dívida, a maior economia do mundo perderá sua capacidade de endividar-se e correrá o risco de um catastrófico default. "Temos muitas maneiras de sair deste caos. Mas o tempo acaba. Precisamos de um compromisso para terça-feira para que nosso país possa pagar suas dívidas a tempo, como sempre fez".
[SAIBAMAIS]Mais tarde, o porta-voz de Obama, Jay Carney, afirmou que "com certeza existem provas de que a economia sofre por causa da incerteza" no Congresso. "Já houve danos", insistiu durante a coletiva de imprensa diária. Consequentemente, exortou a tomar uma decisão "a tempo e a respeitar o prazo de 2 de agosto".
A incerteza diante do impacto na economia mundial de um possível default americano gera preocupação em muitos países, em especial na China, o país que mais possui títulos do Tesouro americano, com 1,16 trilhão de dólares em meados de maio, segundo Washington.
O jornal econômico Jingji Cankao Bao considerou que a "China deve se preparar para um desmoronamento dos mercados financeiros internacionais". A agência Nova China acusou os legisladores americanos de serem "perigosamente irresponsáveis" e afirmou que o mundo "é novamente refém" das disputas internas dos Estados Unidos. Também alertou contra um risco de recessão mundial caso um acordo não seja alcançado.
Por outro lado, o governo americano publicou nesta sexta-feira números de crescimento que mostram que a maior economia mundial ficou estagnada desde o início do ano. A um ritmo anual de 1,3%, o crescimento no segundo trimestre foi claramente mais lento que o esperado pelos analistas, que previam 1,8%.
Semanas de discussões não foram suficientes para chegar a um acordo sobre um plano de redução do déficit acompanhado por um aumento do teto da dívida, que em maio alcançou seu limite legal de 14,294 trilhões de dólares, ou seja, quase 100% do PIB.
Obama falou depois de um ataque de sua ala mais conservadora provocar o caos no Partido republicano, que tenta salvar um projeto apresentado pelo presidente da Câmara de Representantes, John Boehner, embora os democratas do Senado e da Casa Branca tenham adiantado que não o aprovarão. "Os riscos não poderiam ser maiores. A segurança de nossa nação e de cada família é o que está em jogo", disse a jornalistas Harry Reid, líder da maioria democrata no Senado. Reid instou os rivais republicanos a apoiar seu plano, o que elevaria o limite da dívida em 2,4 trilhões de dólares até março de 2013.
Um líder o Federal Reserve americano (Fed), James Bullard, afirmou nesta sexta-feira à rede CNBC que a ausência de acordo no Congresso sobre o teto da dívida teria "consequências irreversíveis" para a maior economia mundial.