Economia

Oposição acena para acordo a 48h do prazo final das negociações nos EUA

postado em 31/07/2011 09:30
Washington %u2014 A dois dias de se afundarem numa crise sem precedentes, que inevitavelmente atingirá todo o planeta, os norte-americanos assistem hoje a um dos últimos, ou talvez o derradeiro, capítulo da negociação entre democratas e republicanos para a elevação do teto da dívida pública do país acima de US$ 14,3 trilhões. Se a Casa Branca e a oposição não chegarem a um acordo no Congresso, na terça-feira a maior potência mundial poderá entrar em default (calote) e deixar de honrar compromissos, como o pagamento aos investidores que apostaram nos títulos do Tesouro dos EUA, os mais seguros do mercado. Ontem, após nova derrota imposta ao presidente Barack Obama, seus adversários acenaram, no fim do dia, com uma possível solução para o impasse. Depois de rejeitar, em voto simbólico, um plano dos democratas do Senado durante a tarde, líderes republicanos disseram à rede de televisão CNN que estavam próximos de um acerto com Obama para aumentar a capacidade de endividamento do país. O líder da minoria no Senado, Mitch McConnel, declarou ter falado com Obama e com o vice-presidente, Joe Biden, %u201Cna última hora%u201D. %u201CEstou otimista com um acordo num futuro próximo%u201D, disse. Mais cedo, em seu programa de rádio, o presidente dos EUA voltou a apelar para o consenso e declarou: %u201COs partidos não estão longe disso%u201D. No fim do dia, ele ainda convocou os democratas para uma reunião de emergência. %u201CHá muitas formas de sair desse impasse, mas nos resta pouco tempo%u201D, disse Obama, em sua mensagem semanal. A 48 horas do fatídico 2 de agosto %u2014 data limite para o aumento do teto da dívida %u2014, o fim de semana tornou-se bastante tenso na capital norte-americana. Além dos confrontos no Congresso, executivos das maiores e mais importantes companhias do país desembarcaram em Washington para pressionar o Congresso por uma solução. Na sexta-feira, a fervura da crise chegou a levar Jamie Dimon, do JPMorgan, a se reunir com secretário do Tesouro, Timothy Geithner. Uma moratória dos títulos dos Estados Unidos não interessa ao governo nem às empresas com ações listadas em Wall Street, termômetro financeiro do planeta. Sacrifício A Casa Branca e o Congresso tentam, há meses, costurar um acordo final que permita tirar os EUA dos apuros em que o país se encontra. Mas as divergências em torno da redução de gastos públicos, uma imposição dos republicanos, impediram os avanços. Para elevar o teto da dívida, a oposição exige a vinculação do aumento a cortes no orçamento para reduzir o deficit nas contas públicas, estimado em cerca de US$ 1,5 trilhão (R$ 2,3 trilhões). Há concordância sobre a necessidade as medidas de austeridade, mas não em relação sobre quais programas iriam para o sacrifício. Na sexta-feira, senadores democratas tentavam liderar a iniciativa de um acordo pressionando pelo avanço de seu plano de ajuste fiscal, mas diferenças arraigadas com os republicanos permaneceram. O governo dos EUA chegou a dizer que, sem um entendimento, não poderia mais tomar recursos emprestados para pagar suas contas. Durante a semana, um clima azedo dominou o parlamento. Em meio a acusações de lideranças democratas no Senado de que a oposição se recusava a conversar, McConnell disse que negociaria diretamente com a Casa Branca. A saga da dívida americana transferiu-se para o Senado na noite de sexta-feira, depois que a Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos, aprovou um plano de redução do deficit, rompendo uma semana de inércia política. O Senado rejeitou prontamente o plano, mas a aprovação anterior pelos deputados aumentou a esperança de que as duas casas cheguem a um acordo final. Dominada pelos republicanos e presidida por John Boehner, maior adversário declarado de Obama, a Câmara havia aprovado a nova proposta do plano rejeitada mais tarde pelos senadores. Boehner tentou enviar seu próprio projeto ao Senado, mas teve dificuldades para reunir os votos necessários. Consciente de que não contava com os votos necessários, agregou a emenda constitucional para impor um %u201Corçamento equilibrado%u201D. A proposta incluía um primeiro aumento do teto da dívida de US$ 915 bilhões a troco de reduções orçamentárias ao longo de 10 anos. Um segundo aumento ocorreria em 2012, em plena campanha para a reeleição de Obama.

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